Montevidéu, 29 nov (EFE).- O embaixador da Palestina para a Argentina e o Uruguai, Walid Muaqqad, responsabilizou Israel nesta terça-feira pela falta de avanços nas negociações de paz, em resposta ao pedido do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, de um novo esforço das partes para relançar as conversas.
As opiniões de Muaqqad foram pronunciadas nesta terça-feira em Montevidéu durante a celebração do Dia Internacional da Solidariedade com os Palestinos no Clube Libanês da capital uruguaia.
O diplomata considerou o discurso feito nesta terça-feira por Ban em Washington como ‘encorajador’. ‘A ONU exerce um papel muito importante em resguardar a paz e também em ajudar o povo palestino para que possa sobreviver em todas as circunstâncias difíceis que está atravessando’.
No entanto, Muaqqad advertiu que o problema não está nas Nações Unidas, ‘o problema está nos países que estão dentro das Nações Unidas’, uma aparente referência aos Estados Unidos e outros aliados de Israel no organismo.
O representante palestino responsabilizou o Estado judaico ‘direta e exclusivamente’ pela escassez de resultados no processo de paz. Para ele, o impasse é culpa ‘da intransigência israelense em descumprir todos os acordos assinados desde Oslo até o momento e sua decisão de seguir construindo assentamentos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental’.
Muaqqad lembrou que, em 1947, ‘decidiu-se sem consulta prévia a partilha da Palestina em dois Estados, do qual surgiu apenas um, o Estado de Israel, ficando postergado até nossos dias a criação de um Estado palestino independente e soberano’.
Em sua opinião, ‘negar todos esses direitos durante 63 anos constitui um crime de guerra e contra a humanidade’.
O embaixador criticou Israel por ‘continuar arrebatando as terras dos palestinos para seguir criando colônias que nenhum país reconhece como reais’ e denunciou que ‘a colonização já atinge o escandaloso número de 500 mil colonos ilegais’.
Ele disse, no entanto, valorizar altamente a posição do Quarteto para o Oriente Médio, integrado pela ONU, União Europeia, Estados Unidos e Rússia, ‘por defender que as negociações deveriam dirigir a um acordo negociado entre as partes em um prazo de 24 meses, pondo fim à ocupação que começou em 1967’.
Além disso, aproveitou seu discurso para agradecer à América Latina e à União de Nações Sul-Americanas (Unasul) pelos reconhecimentos outorgados à Palestina como Estado e expressou sua gratidão pelos votos latino-americanos que permitiram aos palestinos integrar a Unesco.
Em declarações à Agência Efe depois do evento, Muaqqad informou que o ministro das Relações Exteriores palestino, Riyad al-Maliki, chegará a Montevidéu no dia 20 de dezembro para participar da assinatura de um acordo comercial entre Palestina e Mercosul.
Será quando da realização de uma nova cúpula semestral do bloco composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, país que ostenta atualmente a Presidência do grupo. EFE