Paleontólogo Yves Coppens, descobridor de ‘Lucy’, morre aos 87 anos
Pesquisador francês muitas vezes brincava ser um dos 'papais' do fóssil que ajudou a aprofundar o conhecimento sobre as origens da humanidade

O paleontólogo francês Yves Coppens, um dos descobridores do australopiteco Lucy, cujos restos mortais ajudaram a aprofundar o conhecimento sobre as origens da humanidade, morreu nesta quarta-feira, 22, aos 87 anos. As buscas que participou permitiram exumar 52 fragmentos ósseos do exemplar de Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, no que seria o mais completo já encontrado.
“Yves Coppens nos deixou nesta manhã. Minha tristeza é imensa”, escreveu em suas redes sociais a editora Odile Jacob. “Perco um amigo que confiou a mim toda a sua obra. A França perde um de seus grandes homens”. Segundo ela, o paleontólogo morreu em decorrência de uma longa doença.
#Yves Coppens nous a quittés ce matin. Ma tristesse est immense. Yves Coppens était un très grand savant, paléontologue de renommée mondiale, membre d’innombrables institutions étrangères, mais surtout professeur au Collège de France et membre de l’Académie des sciences.
— Odile Jacob (@EditriceOJacob) June 22, 2022
Professor e pesquisador do Collège de France, ele foi responsável, junto a Maurice Taieb e Donald Johanson, pela descoberta em 1974 de Lucy, em Hadar, na Etiópia. Coppens muitas vezes dizia ser um dos “papais” do fóssil.
Ele teria sido também o responsável pelo nome dado à hominídea, em homenagem à “Lucy in the Sky with Diamonds”, dos Beatles, que eles ouviram enquanto rotulavam os fósseis.
Nascido em Vannes, Coppens era filho de um físico nuclear e desde a infância sonhava em trabalhar com o ofício que se dedicou por mais de sessenta anos. “Aos seis ou sete anos eu já queria me tornar arqueólogo. Todo o meu tempo de férias era gasto em escavações”, declarou em entrevista à agência AFP em 2016.
Ele foi admitido no Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França em 1956, quando ainda tinha apenas 22 anos. Desde então, ele co-assinou seis descobertas de hominídeos ao longo de sua carreira. A primeira ocorreu em 1967, um fóssil de 2,6 milhões de anos no vale do Omo, na Etiópia. Sete anos depois, a expedição internacional no Triângulo de Afar, na Etiópia, fez ele e seus colegas mundialmente famosos pela descoberta de Lucy.
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Por muito tempo após a descoberta, os cientistas acreditavam que ela era uma ancestral direta da humanidade. No entanto, esta declaração não é mais aceita. Coppens e outros paleontólogos, passaram a ver Lucy como uma prima distante da humanidade.
Depois das pesquisas no continente africano, Coppens também realizou escavações na Mauritânia, Filipinas, Indonésia, Sibéria, China e Mongólia. Quando voltou para França, recebeu a cadeira de paleontologia no Collège de France e ingressou na Academia de Ciências da França. Também tornou-se diretor do Musee de l’Homme (Museu da Humanidade) em Paris.