Países que apostam em Assad perderão, dizem EUA
Alerta é dirigido a Rússia e China, que vetaram resolução nas Nações Unidas
A Casa Branca afirmou nesta segunda-feira que aqueles que apostam na solidez do regime do ditador sírio Bashar Assad perderão. A mensagem é endereçada diretamente à China e à Rússia, responsáveis pelo veto a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que condenava a repressão pelo governo da Síria aos opositores do regime.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança do ditador, que já mataram mais de 5.000 pessoas no país, de acordo com a ONU, que vai investigar denúncias de crimes contra a humanidade no país.
- • Tentando escapar dos confrontos, milhares de sírios cruzaram a fronteira e foram buscar refúgio na vizinha Turquia.
Leia mais no Tema ‘Revoltas no Mundo Islâmico’
Sem citar Pequim ou Moscou, o porta-voz do presidente Barack Obama, Jay Carney, afirmou que alguns países “não deveriam tentar apostar no regime Assad, porque já é uma aposta perdida”. Ele também classificou o poder em Damasco de “regime criminoso”.
“Apostar tudo em Assad, é se autocondenar ao fracasso”, insistiu Carney durante uma entrevista coletiva à imprensa, assegurando que Assad possui um controle “na melhor das hipóteses, muito limitado” sobre seu país em meio à revolta reprimida violentamente desde março de 2011. O porta-voz ressaltou ainda que os recursos financeiros do regime são escassos.
Embaixada – Enquanto isso, a segunda-feira foi marcada por novas mortes na Síria, onde um bombardeio do Exército atingiu a cidade de Homs, um dos principais enclaves da oposição. O agravamento das condições de segurança no país árabe levou os Estados Unidos a fecharem sua embaixada em Damasco. De acordo com o Departamento de Estado americano, as autoridades sírias se recusaram a cumprir seus requisitos de segurança.
O embaixador Robert Ford e outros 17 funcionários diplomáticos já deixaram o país, confirmaram os EUA. O governo sírio foi informado da decisão em seguida. “O recente aumento da violência, incluindo os atentados em Damasco em 23 de dezembro e 6 de janeiro, aumentaram seriamente as preocupações de que nossa embaixada não está suficientemente protegida de um ataque”, declarou a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.
“Nós, junto com diversas outras missões diplomáticas, levamos nosssas preocupações de segurança ao governo sírio, mas o regime não respondeu adequadamente”, completou.
Vetos – O fechamento da embaixada dos EUA na Síria ocorre dois dias depois da Rússia, aliada tradicional da Síria, e da China terem imposto seus vetos a uma resolução do Conselho de Segurança que determinava a saída de Bashar Assad do poder. O duplo veto desencadeou a ira de vários países árabes e a indignação das potências ocidentais, que consideraram o bloqueio russo e chinês como um encorajamento para Assad a manter a repressão aos opositores.
O Conselho Nacional Sírio, que reúne os principais movimentos da oposição no país, foi mais duro e chamou os vetos de “licença para matar”.