Opositor russo Navalny ‘desapareceu’ de prisão, dizem aliados
Para figuras próximas a ele, é provável que ele esteja sendo transferido de prisão, processo que demora dias ou semanas e é envolto de sigilo na Rússia
Aliados do principal opositor do governo russo, Alexei Navalny, disseram nesta terça-feira, 14, que ele está desaparecido da prisão onde estava cumprindo pena. Segundo associados próximos, ele provavelmente está sendo transportado para outro complexo prisional, um processo que, na Rússia, pode durar dias ou até mesmo semanas e é envolto em sigilo.
“Todo esse tempo que não sabemos onde Alexei está, ele fica sozinho com o sistema que já tentou matá-lo”, disse a porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh, por meio de suas redes sociais.
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Um dos aliados mais próximos de Navalny e chefe de gabinete do opositor, Leonid Volkov disse no Telegram que a advogada responsável por ele foi visitá-lo na prisão nesta terça-feira e foi informada de que “não havia prisioneiro com este nome no local”.
“Onde Alexei está e para qual complexo está sendo levado, não sabemos”, disse Volkov.
Ativista anticorrupção, Alexei Navalny foi preso no início de 2021 e cumpre pena de dois anos e meio por violações da liberdade condicional, sentença tida por ele como forjada para frustrar suas ambições políticas. Desde então, o opositor tem criticado constantemente a forma como tem sido tratado na prisão. Em outubro, ele já havia afirmado estar sendo tratado como terrorista.
Em agosto de 2020, o ativista foi levado às pressas para Berlim para tratar de um envenenamento por um raro agente que ataca o sistema nervoso. Ele acusa o governo russo, que nega qualquer envolvimento. Em setembro, uma nova acusação do Comitê Investigativo da Rússia afirmou que em 2014 Navalny criou uma “rede extremista e a dirigiu com o objetivo de mudar as bases constitucionais russas”.
Ele acusa o governo russo pelo envenenamento, enquanto o Kremlin nega qualquer envolvimento e disse repetidamente que seu tratamento é assunto do serviço penitenciário. Desde então, Putin se nega até mesmo a mencionar o nome do opositor.
Em janeiro deste ano, o governo russo incluiu o opositor e alguns de seus aliados na lista oficial de “terroristas e extremistas”, no desenvolvimento mais recente de uma série de ações de autoridades da Rússia para repreender a oposição ao presidente Vladimir Putin. Pouco depois, em março, ele foi considerado culpado de fraude em larga escala e sentenciado a mais nove anos de prisão.
Há duas semanas, ele disse ainda ter sido acusado em um novo processo criminal por incitar ódio contra as autoridades, crimes que podem aumentar sua pena máxima em mais 15 anos.
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Até o momento, o opositor estava em uma prisão de segurança máxima na região de Vladimir, a cerca de 100 quilômetros de Moscou. A instalação se destaca por suas rotinas extremamente rígidas que incluem horas de privação de sono.
Apesar dos rumores de transferência, nem seus advogados nem seus parentes foram informados sobre sua transferência. O sigilo da Rússia sobre as mudanças de localidade de seus prisioneiros é constantemente criticado por grupos de direitos humanos.