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Opositor Leopoldo López se entrega à polícia na Venezuela

Acusado de incitação ao crime, ele disse a manifestantes que espera que sua prisão sirva para “despertar” o povo venezuelano

Por Da Redação
18 fev 2014, 14h29

(Atualizada às 21h15)

O opositor Leopoldo López se entregou na tarde desta terça-feira a integrantes da Guarda Nacional, pouco depois de fazer um discurso aos que integravam a marcha contra o governo de Nicolás Maduro em Caracas. López foi acusado de terrorismo e incitação ao crime por incentivar as manifestações da última semana, que terminaram com três mortos e dezenas de feridos.

Na quarta-feira 12, estudantes foram às ruas protestar contra insegurança, a inflação, a escassez de produtos e a prisão de colegas durante manifestações anteriores. Acabaram sendo atacados por policiais e tupamaros, umas das muitas milícias ligadas ao partido governista, o PSUV.

Nesta terça, o local de concentração para a marcha foi a praça Brión, no limite entre o município de Chacao, comandado pelo opositor Ramón Muchacho, e o de Libertador, que tem como prefeito o oficialista Jorge Rodríguez – que havia dito na segunda-feira que não havia autorizado o protesto. O plano inicial de López era ir até o Ministério do Interior, mas a polícia bloqueou várias ruas, impedindo o acesso ao local. O porta-voz da deputada María Corina Machado chegou a dizer que ela também havia sido detida, o que não se confirmou.

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Ao falar com os participantes do ato, López pediu que não houvesse confrontos no momento de sua entrega. “Peço, por favor, que tenhamos prudência, sem enfrentamentos”. Defendeu que é preciso construir uma saída “pacífica, dentro da Constituição, mas nas ruas”. “Já não nos resta na Venezuela meios livres para podermos nos expressar e se os meios calam, devemos ir às ruas”. (Continue lendo o texto)

López reiterou que é inocente e disse que estava se apresentando para uma justiça corrupta, mas diante das pessoas que o apoiam. Pontuou que, se sua detenção fizer a Venezuela “despertar definitivamente, valerá a pena”. O opositor acrescentou que uma das opções que tinha, depois de que uma ordem de prisão foi expedida contra ele, era deixar o país, mas decidiu que “não vai deixar a Venezuela nunca”. A outra opção era ficar na clandestinidade, o que descartou porque isso poderia “deixar alguns em dúvida, pensando que tínhamos algo a esconder”.

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Liderança opositora – A detenção deverá impulsionar o perfil político de López, apresentando um novo desafio para o governo e também para outro líder opositor, Henrique Capriles, que não apoiou manifestações contra o governo nas ruas. “Isso vai catapultá-lo à liderança da oposição”, disse ao Wall Street Journal David Smilde, pesquisador da Universidade da Geórgia em Caracas, referindo-se a López.

Ex-candidato presidencial, Capriles anunciou nesta terça em sua conta no Twitter que estava se incorporando à marcha convocada por López. “A este governo interessa um país dividido, e nosso dever como venezuelanos é o de unir o país”, afirmou. Mais tarde, outro post: “Fomos à concentração pacífica em apoio a Leopoldo López. Nossa solidariedade e respaldo. Fez o que devia ser feito, enfrentar a perseguição”.

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Como uma das figuras de maior relevo da oposição venezuelana, Capriles discordava dos colegas em relação a lançar mão de caminhos além dos eleitorais para enfrentar o oficialismo. Depois de perder a eleição presidencial para Hugo Chávez em outubro de 2012 e, seis meses depois, ser derrotado por Maduro por uma margem irrisória de votos, Capriles tentou anular o pleito, apresentando uma série de irregularidades. Esforço que se mostrou em vão em um país no qual as instituições são alinhadas ao chavismo.

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Capriles ressaltou ainda que a luta opositora “não é com o povo oficialista”, mas “contra o poder corrupto, repressivo, destruidor do país”. Do lado oficialista, o ministro de Relações Exteriores, Elías Jaua, foi o primeiro a se manifestar a respeito de López, dizendo que a “firmeza do Estado Venezuelano e a vontade de paz do povo obrigaram o chefe da violência a se entregar à Justiça. Sem mais impunidade!”

Mais um estudante morre – Nesta semana morreu mais um estudante venezuelano que estava em manifestação contra o governo de Nicolás Maduro. De acordo com o jornal venezuelano El Nacional, o jovem estudante de Engenharia Naval, José Ernesto Mendez, de 17 anos, foi atropelado – propositalmente, segundo testemunhas – na noite desta segunda-feira por um veículo da companhia estatal Petróleo de Venezuela S.A. (PDVSA). O jovem é a quarta vítima fatal em decorrência dos protestos, que se iniciaram na semana passada.

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Mendez e outros jovens foram atropelados enquanto participavam de uma manifestação na cidade de Carúpano no estado de Sucre, no extremo norte do país. Segundo relatos de testemunhas, os estudantes foram atropelados por um veículo modelo Ford Runner identificado com o logotipo da PDVSA. As vítimas estavam bloqueando a Avenida Perimetral, no centro de Carúpano. Mendez sofreu graves ferimentos na cabeça e foi levado para o centro cirúrgico da Policlínica de Carúpano, mas não resistiu. Outra vítima ainda não identificada teve as pernas fraturadas no atropelamento.

O diretor do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin, a polícia política do país), Manuel Bernal Martínez, teve sua destituição publicada na Gazeta Oficial (o Diário Oficial da Venezuela) desta terça. A medida, segundo o jornal espanhol El País, parece ser uma resposta ao vídeo divulgado pelo Ultimas Notícias, analisando imagens captadas durante os protestos da última semana e concluindo que funcionários da Sebin seriam os responsáveis por uma das três mortes ocorridas no dia 12. No domingo, em pronunciamento na TV, Maduro já havia reconhecido que parte da polícia política havia desobedecido a ordem de permanecer nos quartéis e atuado por conta própria.

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