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Opositor Capriles diz que governo se faz de vítima

Ministro afirma que disparo que matou miss foi efetuado por manifestantes

Por Da Redação
20 fev 2014, 20h54

Ex-candidato à Presidência da Venezuela e um dos principais líderes opositores do país, Henrique Capriles afirmou nesta quinta-feira que o governo venezuelano tem feito uso político dos protestos para desviar o foco dos problemas do país. Ele também disse que há setores do chavismo interessados no aumento da violência. “Não vai haver diálogo com uma pistola na cabeça”, acrescentou. “Quem deve promover uma saída para essa crise é o governo, que prefere se fazer de vítima.”

Desde o início dos protestos, Capriles tem procurado se distanciar das manifestações que exigem a saída do presidente Nicolás Maduro. Os protestos foram convocadas por outro opositor, o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López. Em entrevista coletiva, Capriles voltou a afirmar não ser a favor de protestos que pedem a saída de Maduro e disse que eles podem beneficiar alas ainda mais radicais do chavismo.

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“Parece que há setores do governo interessados no ‘fora’ (Maduro). Então eu lhes pergunto: é golpe ou autogolpe de Estado? (…) O único que fala em golpe de Estado é o governo, é algo fabricado pelo próprio governo”, avaliou Capriles, alertando que o grito dos manifestantes de ‘Maduro saia já’ pode terminar significando “Diosdado venha já”, em uma referência ao chefe da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, vice-presidente do partido governista PSUV. “Seria a pior coisa que poderia acontecer”, ressaltou Capriles.

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O opositor pediu ainda que os protestos tenham “um rumo” para não provocar falsas expectativas na população. Mesmo se distanciando da tônica dos protestos, Capriles condenou a detenção de López, ocorrida na terça-feira. “Se o governo queria a paz, a tranquilidade, não era prendendo Leopoldo López”. Na quarta, Maduro afirmou que a detenção de López foi negociada entre Cabello e familiares do opositor. Disse ainda que o chefe do Parlamento levou o detido até a prisão.

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Violência – Capriles denunciou ainda que 138 pessoas foram detidas e seis foram sentenciadas, somente na região de Caracas, pelos distúrbios dos últimos dias. E apresentou vídeos que mostram atos de violência cometidos por policiais e milícias chavistas durantes os protestos. “O que deseja esse governo. Uma guerra civil?”

O jornal El Nacional afirmou que na tarde desta quinta, agentes da Guarda Nacional lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra residências nas cidades de Mérida e Ciudad Guayana, onde estudantes e moradores protestavam desde o início da manhã. Segundo testemunhas, os policiais agiram escoltados por motoqueiros.

No estado de Lara, moradores disseram que homens armados a bordo de camionetes e policiais invadiram casas e destruíram veículos na noite de quarta-feira. Vizinhos de um local invadido gritavam pedindo ajuda, enquanto pessoas encapuzadas gritavam ‘Viva Chávez’ e atiravam para cima, lançavam pedras e bombas de gás, relatou o jornal venezuelano.

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Estado militarizado – A cidade de São Cristóvão, no estado de Táchira, perto da fronteira com a Colômbia, foi uma das primeiras onde foram registrados protestos contra o governo. Há quinze dias, a casa do governador, o chavista José Gregorio Vielma Mora, foi alvo de manifestantes, em um confronto que terminou com três estudantes detidos e levados para uma prisão fora do estado. Essas prisões impulsionaram os protestos na região montanhosas e em todo o país. Agora, o governo militarizou o município, que amanheceu sem internet nesta quinta-feira e onde testemunhas relataram voos rasantes de aeronaves. O número de soldados no município não foi revelado, mas opositores apontam que cerca de 3 000 estão nas ruas.

O ministro do Interior e Justiça, Miguel Rodríguez Torres, disse que os protestos levaram a população de 645.000 habitantes a ficar submetida a uma espécie de toque de recolher. E anunciou a decisão do governo de enviar reforços da Guarda Nacional e tropas, incluindo de paraquedistas, para “restabelecer a ordem pública”. Maduro ameaçou impor um estado de exceção na cidade se as medidas não surtirem efeito, informou o jornal espanhol El País. O prefeito do município, Daniel Ceballos – que é do mesmo partido de López, o Vontade Popular – é acusado pelo governo de preparar um plano subversivo.

(Des)governo – Enquanto isso, o governo mais uma vez não condenou o assassinato de manifestantes, preferindo culpá-los pelas vidas perdidas nos últimos dias. O ministro Torres afirmou que a recente morte da miss Génesis Carmona, estudante de 22 anos baleada na cabeça durante um protesto, foi provocado pelos próprios manifestantes. “Essa moça morreu por causa de uma bala que saiu de suas próprias fileiras. Tenho testemunhos da própria aglomeração com que ela andava”, disse Torres, que, no entanto, não apresentou provas desta acusação.

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(Com agências EFE e France-Presse)

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