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Oposição síria denuncia massacre em Homs

Por Alessio Romenzi
4 fev 2012, 13h30

O Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne a maioria das correntes de oposição, denunciou neste sábado a morte de mais de 230 civis na madrugada de sexta-feira para sábado durante ataques em Homs, mas o regime de Bashar al-Assad negou ter bombardeado a cidade da região central do país.

Com as restrições impostas pelo regime sírio ao trabalho da imprensa estrangeira é difícil confirmar o número de mortos com fontes independentes, mas se o balanço anunciado pela oposição estiver correto este seria o dia mais violento desde o início da revolta contra Assad em março de 2011.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ONG com sede em Londres, anunciou mais cedo que pelo menos 217 civis morreram em diversos bairros de Homs na noite passada. A mesma ONG denunciou que pelo menos 12 civis morreram neste sábado e 30 ficaram feridos em um ataque das forças de segurança sírias contra uma comitiva que participava em funerais em Daraya, perto de Damasco.

Os canais de notícias Al-Arabiya e Al-Jazeera exibiram imagens de dezenas de cadáveres espalhados nas ruas de Homs, epicentro da revolta.

A violência em Homs provocou revolta dos sírios de todo o mundo. As embaixadas do país no Cairo, Kuwait, Atenas e Londres foram atacadas a pedradas.

“Nas primeiras horas de sábado, o regime de Assad cometeu uma das matanças mais terríveis desde o início da rebelião na Síria”, denuncia o CNS em um comunicado.

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“As forças de Assad bombardearam zonas residenciais em Homs, incluindo Al-Khalidiya e Ousour, provocando pelo menos 260 mortes de civis e centenas de feridos”, completa o texto, que destaca a presença de mulheres e crianças entre as vítimas.

“Edifícios residenciais e casas foram bombardeados intensamente e de maneira aleatória”.

“Ao mesmo tempo, as forças de Assad bombardearam também Jisr al-Shughur (noroeste), os subúrbios de Damasco e o leste de Ghuta (perto da capital), o que parece ser uma preparação para massacres similares”.

A Irmandade Muçulmana, que integra o CNS, pediu a abertura de uma investigação internacional sobre o ocorrido e pediu ao Crescente Vermelho (a Cruz Vermelha nos países islâmicos) e ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha, ausentes na Síria, que atuem imediatamente para salvar os feridos.

O regime sírio, no entanto, negou o bombardeio em Homs, em um comunicado divulgado pela agência oficial Sana.

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A nota do regime afirma que os civis mortos em Homs foram vítimas de disparos de homens armados e não de bombardeios. Também acusa determinados canais de televisão de estimular a violência.

“Os civis mostrados pelas redes de televisão por satélite são civis que foram sequestrados e assassinados por homens armados”, afirma o texto da Sana.

A agência oficial síria acusa grupos armados de tentarem explorar as informações para pressionar o Conselho de Segurança da ONU, que deve analisar uma resolução que condena a repressão na Síria.

O CNS também pediu à Rússia que mude sua postura a respeito do regime sírio.

“O CNS exorta a Rússia a condenar claramente o regime e torná-lo responsável pelas matanças e a permitir aos sírios eleger democraticamente um regime que proporcione liberdade e dignidade”, conclui o comunicado.

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Apesar do pedido, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou que o projeto de resolução sobre a Síria apresentado pelos países ocidentais não interessa a Rússia e submetê-lo neste sábado ao Conselho de Segurança da ONU provocará um “escândalo”.

Lavrov anunciou que viajará a Damasco na terça-feira, acompanhado pelo diretor do serviço de inteligência exterior russo, para uma reunião com o presidente da Síria.

“A pedido do presidente russo, Serguei Lavrov e Mikhail Fradkov viajarão a Damasco em 7 de fevereiro para reunir-se com Bashar al-Assad”, afirma um comunicado do ministério das Relações Exteriores.

O Conselho de Segurança da ONU se reúne neste sábado em Nova York para votar uma resolução estimulada pelo Ocidente que condena a repressão na Síria, sob a reiterada ameaça de veto da Rússia.

As potências ocidentais na ONU destacaram a determinação de levar à votação um projeto de resolução que condena a repressão na Síria.

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“As potências ocidentais estão determinadas a votar hoje no Conselho de Segurança”, afirmou o embaixador francês na ONU, Gerard Araud.

O novo projeto, que substitui outro mais radical descartado pela Rússia, destaca o apoio do Conselho de Segurança às decisões da Liga Árabe e não pede explicitamente que o presidente Bashar al-Assad deixe o poder, nem menciona um embargo de armas.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, apelou ao Conselho de Segurança que condene a violência do regime sírio neste sábado após as notícias “arrepiantes” que chegam de Homs.

As autoridades sírias deram mais um passo na barbárie em Homs, afirmou o chefe da diplomacia francesa, Alain Juppé.

O chanceler francês classificou o ocorrido nas últimas horas em Homs como “crime contra a humanidade” e afirmou que os autores devem responder na justiça.

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O governo da Espanha também condenou o que chamou de “níveis insuportáveis da repressão” exercida pelo regime sírio e pediu a aprovação na ONU de uma resolução de condenação a Damasco.

Após 10 meses de rebelião contra o regime de Bashar al-Assad e de quase 6 mil mortos pela repressão, segundo a oposição, o Conselho de Segurança da ONU não foi capaz até o momento de aprovar uma resolução sobre a Síria.

Em outubro, um projeto de resolução foi bloqueado por Rússia e China.

O texto que deve ser submetido a votação neste sábado, segundo fontes diplomáticas ocidentais, apóia plenamente as decisões de janeiro da Liga Árabe para garantir uma transição para a democracia.

Mas, os detalhes da transição, em particular a transferência dos poderes do presidente Assad a seu vice-presidente, foram deixados de lado para não irritar Moscou.

Na sexta-feira, milhares de sírios protestaram em todo o país, particularmente em Damasco, para lembrar o 30º aniversário do massacre de Hama (centro), durante a repressão da revolta da Irmandade Muçulmana por parte do regime de Hafez al-Assad, pai do atual presidente.

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