Oposição russa se prepara para manifestações contra Putin
Cerca de 1.600 pessoas foram detidas em protestos não autorizados
A oposição russa se prepara para inéditas manifestações em Moscou e em algumas províncias previstas para sábado, nas quais milhares de pessoas devem participar para questionar a vitória do partido de Vladimir Putin nas eleições legislativas do último domingo. Desde segunda-feira, milhares de russos protestam para questionar os resultados do pleito, e cerca de 1.600 pessoas foram detidas pela polícia em Moscou e São Petersburgo.
O Solidarnost, um dos movimentos de oposição que convoca os protestos através das redes sociais, indicou ter recebido a autorização do município de Moscou para organizar na Praça dos Pântanos, no centro da cidade, uma manifestação com um número de participantes de até 30.000 pessoas. Os organizadores desejavam inicialmente que o protesto ocorresse na Praça da Revolução, a dois passos do Kremlin, mas as autoridades autorizaram ali uma manifestação de apenas 300 pessoas.
Mobilização – Nesta sexta-feira ao meio-dia, mais de 33.000 pessoas anunciaram sua intenção de participar da manifestação agendada em Moscou entre 8h e 12h no horário de Brasília, segundo a página do Facebook. Também foram previstos protestos em várias outras cidades – São Petersburgo, Ural e Sibéria – para exigir a anulação das eleições marcadas, segundo a oposição e ONGs, por fraudes massivas. A mobilização não tem precedentes desde a chegada ao poder de Vladimir Putin, em 2000.
O ministro russo do Interior, Rachid Nurgaliev, advertiu nesta sexta-feira que a polícia colocaria fim a “qualquer tentativa de organizar uma manifestação não autorizada”. Na quinta-feira, o primeiro-ministro Vladimir Putin advertiu a oposição contra qualquer excesso fora da legalidade, que será reprimido “por todos os meios legítimos”. Alguns líderes da oposição esperavam se reunir em Moscou na Praça da Revolução e marchar até a Praça dos Pântanos, o que não foi autorizado pela prefeitura.
Fraudes – A missão de observadores da Organização para a segurança e a cooperação na Europa (OSCE) declarou que houve irregularidades “frequentes” e “sérias indicações de que as urnas foram cheias com cédulas de voto não emitidas ao término da votação”. Uma ONG russa, Golos, denunciou antes e durante a votação diversas fraudes e pressões. Outra ONG, “O Observador cidadão”, afirmou em seu site (nabludatel.org) que o resultado real do partido no poder, Rússia Unida, é inferior a 30% dos votos, ou seja, 20 pontos a menos que os resultados (49,5%) anunciados pela comissão eleitoral.
As denúncias e a repressão das manifestações provocaram críticas por parte de países como Estados Unidos, da UE, da França e da Alemanha.
(Com agência France-Presse)