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Operação antidrogas de Bangladesh deixa mais de 100 mortos

Desde o começo de maio, a operação prendeu 9.020 pessoas; ativistas comparam a violência dessas ações com a guerra contra as drogas das Filipinas

Por Da redação
29 Maio 2018, 16h25

A operação antidrogas iniciada em Bangladesh no início deste mês deixou um saldo de 103 mortes, das quais dez somente nas últimas 24 horas. Cerca de 9.000 pessoas foram detidas. Ativistas dos direitos humanos criticam a campanha e a comparam com a guerra às drogas das Filipinas.

As últimas mortes ocorreram em sete distritos, a maioria delas depois que as forças de segurança responderam aos disparos dos traficantes de drogas. Também houve mortes por enfrentamentos entre os dois lados, informaram policiais.

“Fizemos uma batida, e os traficantes começaram a atirar contra a gente. Respondemos aos disparos”, explicou o auxiliar do delegado de polícia de Daca, Mizanur Rahman, sobre um dos casos ocorridos nesta terça-feira (29). Uma pessoa ferida morreu logo depois de ingressar em um hospital da capital.

No dia 3 de maio, a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, anunciou o início da operação antidrogas. No início, a campanha foi executada pelo Batalhão de Ação Rápida (RAB, na sigla em inglês), um corpo de elite policial. A polícia se somou ao RAB mais tarde.

No entanto, as mortes durante a operação começaram há duas semanas, segundo as forças de segurança, que evitaram apresentar um número global de pessoas que perderam a vida.

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A porta-voz da polícia de Bangladesh, Soheli Ferdous, disse que, até o momento, há 9.020 detidos durante a operação. Foram encontrados com eles, entre outros, 1,7 milhão de pastilhas de yaba (metanfetamina misturada a cafeína) e 16 mil garrafas de Phensedyl, medicamento para tosse proibido no país.

A Yaba ou “remédio louco”, em tailandês, é distribuída em pastilhas e provém sobretudo de Mianmar, é um forte estimulante, e o xarope Phensedyl, procedente da Índia, é usado como substituto para o  álcool.

O ministro do Interior de Bangladesh, Asaduzzaman Khan, assinalou no domingo que a operação antidrogas do governo continuará até que a situação esteja controlada.

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Ativistas de direitos humanos em Bangladesh denunciaram a campanha antidrogas como ilegal e criticaram os paralelismos com a operação do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte.

Iniciada por Duterte quando chegou ao poder, em 2016, a guerra contra as drogas filipina já tem 4.000 execuções extrajudiciais cometidas pela polícia, segundo dados oficiais. As outras 3.000 mortes foram obra de “justiceiros”, amparados pelo clima de impunidade.

O diretor da organização de direitos humanos Odhikar, Nasiruddin Elan, disse hoje à EFE que “nenhum problema pode ser resolvida com assassinatos extrajudiciais” de pequenos traficantes que, em breve, serão substituídos por outros. Elan pediu “uma reforma no sistema judicial” bengalês para resolver a crise.

(Com EFE)

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