ONU vê indícios de crimes contra a humanidade no massacre de Houla

Genebra, 1 jun (EFE).- A alta comissária adjunta da ONU para os Direitos Humanos, Kyung-wha Kang, manifestou nesta sexta-feira que há indícios de crimes contra a humanidade no massacre cometido na localidade síria de Houla, onde morreram mais de 100 civis.
Em representação da alta comissária Navi Pillay, Kang abriu a sessão especial do Conselho de Direitos Humanos convocada para tratar de maneira específica do massacre e iniciar uma investigação sobre o ocorrido em Houla.
Segundo as Nações Unidas, há sérias suspeitas de que famílias inteiras foram executadas de maneira sumária, incluindo mulheres e crianças.
A alta comissária adjunta falou de ‘informações sugerindo que as Shabiha (grupos paramilitares pró-governo) entraram nos povoados e que poderiam ser responsáveis por dúzias de assassinatos’.
‘Esses atos podem representar crimes contra a humanidade e outros crimes internacionais, e podem ser indicativos de um padrão de ataques generalizados e sistemáticos contra povoações civis perpetrados com impunidade’, acrescentou.
Perante a quarta sessão especial do Conselho sobre a Síria desde abril de 2011, a representante da ONU reiterou sua chamada ao regime do presidente sírio, Bashar al Assad, para que ‘assuma sua responsabilidade de proteger a população civil’.
Lembrou ainda que ‘aqueles que ordenem e ajudem nos ataques contra os civis, ou que não façam nada para detê-los são responsáveis criminalmente de forma individual’.
‘Os outros Estados têm a responsabilidade de fazer tudo o que possam para prevenir e perseguir os que cometem crimes internacionais. Mais uma vez, peço ao Conselho de Segurança considerar a possibilidade de referir o caso da Síria ao Tribunal Penal Internacional (TPI)’, comentou Kang.
Segundo seu relato, pouco após uma manifestação no dia 25 de maio em Houla, o Exército sírio supostamente suscitou um ataque com armamento pesado, que se prolongou por quase 14 horas.
Informou que a missão diplomática da Síria em Genebra lhe enviou uma carta cinco dias depois na qual atribuía os assassinatos de Houla a ‘grupos terroristas armados’.
‘O governo da Síria declarou que seus militares atuaram apenas em defesa própria e que tentaram proteger os civis, e disse que três membros das forças armadas foram assassinados e 16 soldados ficaram feridos nos combates em Houla’, afirmou.
Damasco comunicou também ao Alto Comissariado de Direitos Humanos a criação de um comitê interministerial para investigar o incidente, perante o que Kang expressou a necessidade ‘de fazer todos os esforços necessários para acabar com a impunidade’.
Nesse sentido, lamentou que Damasco ignore os pedidos do Conselho de Direitos Humanos para que permita a entrada no país da comissão que investiga as violações dos direitos fundamentais cometidas desde o início do conflito em março de 2011 e exigiu ao governo que facilite o trabalho da missão da ONU.
Por último, expressou seu apoio ao plano de paz de seis pontos do enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, e pediu ‘a todas as partes’ que ponham fim o mais rápido possível à violência.
Em sua opinião, a comunidade internacional deve apoiar plenamente este plano, porque ‘caso contrário, a situação na Síria pode derivar em um conflito em toda regra e pôr em grave perigo o futuro do país, assim como o de toda a região’. EFE