ONU usa drones pela primeira vez em missões de paz
Na República Democrática do Congo, aparelhos vão monitorar atividades rebeldes
A Organização das Nações Unidas (ONU) vai usar pela primeira vez drones (veículos aéreos não tripulados) em uma de suas missões. Na República Democrática do Congo (RDC), as aeronaves de vigilância serão usadas para monitorar atividades de grupos rebeldes. A Missão da ONU para a Estabilização da RDC (Monusco) conta com 23 000 homens.
Um dos aparelhos, de fabricação italiana, decolou do aeroporto de Goma, capital da província de Kivu Norte, por ocasião de uma apresentação para jornalistas, diplomatas e o subsecretário para Operações de Manutenção da Paz da ONU, Hervé Ladsous. Por enquanto, a missão vai contar com dois aparelhos, mas a ONU espera que o reforço de mais três até março de 2014. As aeronaves não carregam armas, e só devem ser usadas em missões de monitoramento.
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Segundo a ONU, os aparelhos, que têm alcance de 250 quilômetros, vão permitir que capacetes azuis vigiem a província de Kivu Norte, onde vários grupos rebeldes atuam – a própria cidade de Goma já esteve nas mãos de rebeldes do grupo M23 por duas semanas em 2012.
Os drones também devem ser usados para vigiar a fronteira da República Democrática do Congo com Uganda e Ruanda, que são suspeitos de fornecer armas para os rebeldes – acusação que os países negam.
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Hervé Ladsous disse que drones poderão ser usados em outras missões de paz da ONU. “Nós precisamos ter uma ideia melhor do que está acontecendo”, disse. “É a primeira vez na história das Nações Unidas que uma ferramenta tão avançada tecnologicamente está sendo usada em uma missão de paz”.
O comandante da missão, o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, disse à BBC que os drones só devem sobrevoar o território congolês, já que o mandato da missão impede a vigilância de países vizinhos. “Com esse tipo de equipamento, nós conseguiremos combinar informações obtidas no ar com aquelas obtidas com pessoas em terra”.
Citado pela BBC, o ministro da Defesa da República Democrática do Congo, Alexandre Luba Ntambo, comemorou a chegada dos drones. “Assim que soubermos onde os rebeldes estão se escondendo, nossas operações vão ser muito mais eficientes”.
No mês passado, o exército do país impôs uma derrota severa às forças do M23. A ofensiva, que levou o grupo a negociar, foi apoiada por uma brigada de cerca de 3 000 soldados da ONU, que foram autorizados em março pelo Conselho de Segurança a adotar uma postura mais ofensiva contra os grupos rebeldes, acusadas de violações de direitos humanos em regiões ocupadas.
Apesar do revés imposto ao M23, vários outros grupos armados ainda agem no país, incluindo a milícia FDLR, acusada de envolvimento no genocídio de 1994 em Ruanda.