Genebra, 24 jan (EFE).- Os bombardeios aéreos sobre campos de refugiados provisórios no Sudão do Sul obrigaram a ONU a acelerar a transferência de milhares de pessoas ao sul do país para afastá-las da fronteira com o Sudão.
A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Melissa Fleming, disse nesta terça-feira em entrevista coletiva que na segunda-feira ocorreram dois bombardeios aéreos em uma localidade onde fica um campo de refugiado provisório a dez quilômetros da fronteira – deixando um jovem ferido e 14 desaparecidos.
No momento do ataque, cerca de 5 mil refugiados, além de 14 caminhões das Nações Unidas esperavam no local o início dos trabalhos de retirada.
A porta-voz do Acnur anunciou que, após o ataque, a equipe das Nações Unidas mobilizou os desalojados e um comboio com 1.140 pessoas. Todos foram levados para um local seguro a 70 quilômetros da fronteira.
‘É uma corrida contra o tempo, já que temos de remover as pessoas e levá-las rapidamente para o sul porque faltam apenas dois meses para a estação seca e depois as estradas ficarão intransitáveis’, lamentou Melissa.
Segundo a porta-voz, já houve ataques anteriores aos refugiados do Sudão do Sul em regiões de fronteira, como um bombardeio durante vários dias a um assentamento no estado do Alto Nilo e os ataques aéreos a outro acampamento.
Já a porta-voz do Escritório de Ajuda Humanitária da ONU (OCHA), Elisabeth Brys, afirmou que o centro de coordenação de assistência humanitária no Sudão do Sul funciona perfeitamente, embora lamente que a dificuldade de acesso ao local continue sendo um problema, o que faz com que ainda existam áreas desassistidas.
Elisabeth anunciou que até o momento foram arrecadados apenas 9% do apelo humanitário da ONU para o Sudão do Sul em 2012, pouco mais de US$ 763 milhões.
O aumento da violência tribal no estado de Jonglei desde o fim de dezembro forçou milhares de pessoas a abandonarem suas casas na província de Pibor, muitas das quais estão escondidas em áreas montanhosas de difícil acesso.
Conforme a OCHA, o ataque mais recente ocorreu no último dia 16 de janeiro, quando 80 pessoas foram assassinadas e 300 casas incendiadas na localidade de Duk Padiet, onde a ONU estimou em 16.260 as pessoas que precisam de assistência humanitária.
Números da OCHA contabilizam 115.928 pessoas precisando de ajuda humanitária nessa região. EFE