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ONU recomenda novos hábitos alimentares para combater mudança climática

Relatório pede uso mais sustentável do solo e mudanças nos hábitos de plantio e alimentação para limitar impacto do crescimento populacional e do consumo

Por Da Redação
Atualizado em 8 ago 2019, 11h47 - Publicado em 8 ago 2019, 11h01

O planeta precisa mudar urgentemente a maneira de usar e cultivar suas terras e seus hábitos alimentares para garantir a segurança de seus habitantes e lutar contra a mudança climática, alertou nesta quinta-feira, 8, um relatório da ONU que servirá de base para futuras negociações sobre o meio ambiente.

O documento, aprovado após cinco dias de reuniões entre cientistas na 50ª sessão do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, destaca que “uma melhor gestão do solo pode contribuir para frear a mudança climática, embora não seja a única solução”.

O relatório pede, além de ações a curto prazo contra a degradação dos solos, o fim do desperdício de alimentos e das emissões de gases que provocam o efeito estufa pelo setor agrícola.

As delegações dos 195 países membros do IPCC examinaram durante cinco dias o relatório, que tem como título “A mudança climática, a desertificação, a degradação dos solos, sua gestão sustentável, a segurança alimentar e os fluxos de gases do efeito estufa”.

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O informe examina como a mudança climática afeta os solos utilizados para o cultivo, para o gado ou para os bosques, assim como questões de segurança alimentar, as práticas agrícolas e a maneira como o desmatamento modifica o clima.

O texto, de 1.200 páginas negociadas linha por linha pelas delegações, foi divulgado em uma entrevista coletiva em Genebra.

A conclusão principal é que “nosso uso das terras […] não é sustentável e contribui para a mudança climática”, afirmou a copresidente do IPCC, Valérie Masson-Delmotte, antes de apontar que o relatório “ressalta a importância de atuar de modo imediato”.

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A ampla análise contém recomendações para que os governos adotem políticas que alterem o uso florestal e agrícola do solo para assim contribuírem com a luta contra a mudança climática, levando em conta que, entre outras coisas, as florestas absorvem cerca de um terço das emissões de dióxido de carbono (CO2).

O documento aconselha a implementação de “políticas que reduzam o desperdício de comida e influenciem na escolha de determinadas opções alimentares”, em alusão a dietas menos carnívoras e que reduzam o número de pessoas obesas ou com sobrepeso, uma população hoje próxima a 2 bilhões de pessoas.

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De acordo com o relatório, entre 25% e 30% da comida produzida no planeta é desperdiçada. Combater esse problema pode diminuir as pressões para reduzir florestas e aumentar o solo agrícola, contribuindo assim para uma redução das emissões de CO2, o principal gás causador do efeito estufa.

Também há a sugestão de retomar práticas agrícolas, de criação de gado e silvícolas das populações indígenas tradicionais, já que, segundo o documento, essas atividades podem “contribuir para os desafios apresentados pela mudança climática, a segurança alimentar, a conservação da biodiversidade e o combate à desertificação”.

O relatório estabelece, pela primeira vez, uma relação direta entre a mudança climática e a degradação do solo global (zonas mais áridas, perda de biodiversidade, desertificação) e alerta para um aumento das secas em regiões como o Mediterrâneo e a África do Sul devido ao aquecimento global.

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Em outras regiões, como as florestas boreais, os efeitos da mudança climática podem incluir um maior risco de incêndios florestais e das pragas, segundo o texto do IPCC.

Alimentação

Embora o relatório não tenha defendido explicitamente que se evite a carne, o texto pediu grandes mudanças nos hábitos de plantio e alimentação para limitar o impacto do crescimento populacional e das mudanças dos padrões de consumo sobre os recursos terrestres e hídricos, já sobrecarregados.

Alimentos à base de plantas e alimentos de base animal sustentáveis poderiam liberar vários milhões de quilômetros quadrados de terra até 2050 e cortar de 0,7 a 8 gigatoneladas anuais de equivalentes de dióxido de carbono, disse o IPCC.

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“Há certos tipos de dieta que têm uma pegada de carbono mais baixa e colocam menos pressão na terra”, explicou Jim Skea, professor do Imperial College de Londres.

“O IPCC não recomenda dietas às pessoas… as escolhas dietéticas muitas vezes são moldadas ou influenciadas por práticas locais de produção e hábitos culturais”, disse Skea, um dos autores do relatório, aos repórteres em Genebra.

(Com EFE, AFP e Reuters)

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