ONU pede que Sudão e Sudão do Sul detenham operações militares na fronteira

Nações Unidas, 6 mar (EFE).- O Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu nesta terça-feira ao Sudão e ao Sudão do Sul que detenham as operações militares realizadas em regiões fronteiriças, se retirem da disputada região de Abyei e incentivou um acordo que resolva a crise petrolífera entre os países.
O principal órgão de decisão das Nações Unidas pediu a ‘todas as partes’ que ‘detenham as operações militares nas regiões fronteiriças e coloquem um fim no ciclo de violência’ que marca as relações entre os Estados, segundo uma declaração presidencial estipulada por seus 15 membros.
O Conselho de Segurança se mostrou ‘seriamente preocupado’ pelas informações ‘de contínuos episódios de violência além da fronteira entre Sudão e Sudão do Sul, como movimentos de tropas, apoio a forças paramilitares e bombardeios aéreos’, o que representa ‘uma grave ameaça para a paz e a segurança internacionais’.
O organismo pediu aos países que ‘iniciem e respeitem a letra e o espírito’ do chamado Memorando de Entendimento, que Cartum e Juba assinaram no dia 10 de fevereiro e pelo qual cada Governo se compromete a respeitar a soberania do outro e sua integridade territorial, além de não interferir em assuntos internos do outro.
Nesse sentido, o Conselho solicitou ao Sudão e a seu vizinho do sul que não adotem nenhuma medida que menospreze a segurança e a estabilidade do outro, ‘como qualquer forma direta ou indireta de apoio a grupos armados no território do outro’.
‘O Conselho de Segurança condena as ações de grupos armados que tenham por objetivo derrubar pela força o Governo do Sudão ou do Sudão do Sul’, acrescentou a declaração lida pelo presidente rotativo do Conselho de Segurança, o embaixador britânico perante a ONU, Mark Lyall Grant.
O principal órgão internacional de segurança pediu ‘urgentemente’ aos Governos que alcancem ‘um acordo sobre o status das áreas disputadas ao longo da fronteira’, e que avancem na demarcação dessa fronteira, um assunto ainda pendente.
O texto abordou ‘o contínuo fracasso’ dos dois Governos em sair da disputada região de Abyei, como foi acordado em 20 de junho, e lhes pediu que resolvam os assuntos pendentes que alimentaram os conflitos em outras regiões, como Cordofão do Sul e o Nilo Azul, onde deve cessar ‘toda a violência’.
Com relação à crise petrolífera enfrentada por Cartum e Juba, o Conselho afirmou que um acordo que a resolva é ‘um elemento crucial para garantir a segurança, a estabilidade e a prosperidade das duas partes como Estados viáveis’.
O enfrentamento está relacionado com o pagamento que deve ser feito pelo Executivo do Sudão do Sul a seu vizinho por usar seus oleodutos e transportar o petróleo às refinarias do norte.
O Sudão entende que tem direito a se apropriar do petróleo do Sul por não ter recebido nada pelo trânsito através de seu território, enquanto as autoridades do sul consideram que os preços que o norte pede são abusivos e que o jovem país africano necessita dos recursos mais que seu vizinho do norte.
‘O Conselho de Segurança afirma que qualquer ação unilateral relacionada com o setor do petróleo danificará a segurança e a estabilidade dos Estados’, disse a declaração, que pede movimentos ‘urgentes’ para solucionar a crise.
O texto lembrou também que o objetivo da comunidade internacional e ‘de todas as partes’ dos países deve ser ‘a coexistência pacífica de dois Estados completamente viáveis, com Governos democráticos, estado de direito, igualdade, respeito aos direitos humanos, justiça e desenvolvimento econômico’.
O Sudão do Sul proclamou sua independência de seu vizinho do norte em julho, após um plebiscito realizado em janeiro de 2011, e de acordo com o estipulado pelo tratado de paz de 2005, que pôs fim a mais de duas décadas de guerra civil.
A tensão entre os Governos aumentou nos últimos meses, incentivada pela decisão do Sudão do Sul de paralisar a produção de petróleo e denunciar o vizinho por se apropriar do combustível, enquanto persistem diferenças sobre a soberania de certos pontos de seu território. EFE