ONU investigará mortes de civis em ataques de drones
Serão analisados 25 ataques realizados contra alvos no Paquistão, Afeganistão, Iêmen, territórios palestinos e Somália, segundo relator
A ONU lançará uma investigação sobre os impactos dos ataques de drones (aviões não tripulados) sobre civis, informou nesta quinta-feira a rede BBC. A iniciativa responde a uma necessidade de “responsabilização e reparação onde as coisas deram muito errado”, segundo definição do advogado que coordenará a investigação.
Para Ben Emmerson, relator especial da ONU, o aumento “exponencial” do uso da tecnologia dos drones exige a criação de uma estrutura jurídica própria. Ele acredita que, se não for regulado, o uso de drones vai continuar a crescer. A investigação deverá ser encaminhada à Assembleia Geral da ONU até meados deste ano.
O levantamento será realizado com base em 25 ataques de drones realizados em cinco locais: Paquistão, Afeganistão, Iêmen, territórios palestinos e Somália. Serão analisadas a extensão das mortes civis, a identidade dos militantes que eram alvo do ataque e a legalidade dos ataques onde não há um conflito reconhecido pelas Nações Unidas.
O uso de aviões não tripulados é considerado altamente eficaz para atingir alvos terroristas por minimizar o número de vítimas civis. Quem é contra o uso dos drones afirma que eles constituem uma forma extra-judicial de matar.
Uma pesquisa da ONG britânica Serviço de Jornalismo Investigativo, contabiliza a morte de 3.461 pessoas, sendo 891 civis, em ataques de drones da CIA no Paquistão, entre 2004 a 2013.
Emmerson negou que a investigação tenha como foco Estados Unidos e Israel, dizendo que 51 países possuem a tecnologia para usar os drones. Ressaltou ainda que o levantamento não substitui uma “investigação efetiva, oficial e independente” por parte dos países, e pediu que elas sejam feitas onde houver “sinais plausíveis” de ocorrência de crime de guerra.