
Genebra, 6 mar (EFE).- Três anos antes do estipulado, foi possível cumprir a meta dos Objetivos do Milênio (ODM) de reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso à água potável, concluiu um relatório conjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O texto, divulgado nesta terça-feira, revela que entre 1990 e 2010, mais de 2 bilhões de pessoas tiveram acesso a fontes de água potável melhores, graças a encanamentos e poços protegidos.
De acordo com o documento – cujos números datam de 2010 – 89% da população mundial, 6,1 bilhões de pessoas, usam fontes aprimoradas de água potável, o que representa 1% a mais do que o número indicado na meta dos ODM.
Os autores do texto estimam que em 2015, 92% da população mundial terá acesso à água potável.
‘O acesso à água potável é um dos determinantes de saúde mais importante’, e ‘reduz de maneira exponencial o risco de contrair doenças’, afirmou em entrevista coletiva a diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, Maria Neira.
‘Mais de 3 mil crianças morrem diariamente por doenças que provocam diarreia e que são transmitidas por não contarem com água potável e saneamento adequado, elementos essenciais para a sobrevivência’, disse o diretor do departamento de Água e Saneamento do Unicef, Sanjay Wijesekera.
A Assembleia Geral da ONU estabeleceu em 2010 que a água e o saneamento são direitos humanos básicos de todo indivíduo.
Os Objetivos do Milênio são metas de melhoria de níveis socioeconômicos que a ONU estabeleceu em 2000 para serem cumpridas até 2015.
Apesar do cumprimento da meta em relação à água potável, ainda existem 783 milhões de pessoas, ou 11% da população mundial, que não têm acesso a ela, o que levou as duas agências das Nações Unidas a pedirem ‘mais esforço e mais fundos’ para esta causa.
‘As iniciativas para o acesso à água potável e ao saneamento têm um dos custos de oportunidade mais elevados, por isso não se deve retroceder no empenho’, avaliou Maria.
O aspecto mais complicado é o saneamento, já que o relatório revela que está longe de atingir a meta estabelecida nos ODM, e é ‘improvável’ que o consiga para o ano 2015.
Segundo as estimativas, o objetivo só seria alcançado em 2026, a menos que haja um enorme esforço para revertê-lo.
Apenas 63% dos habitantes do planeta têm acesso ao saneamento, um número que só chegará a 67% em 2015, muito abaixo do alvo de 75% dos ODM. Atualmente, ainda existem 2,5 bilhões de pessoas que não contam com esse tipo de infraestrutura.
Por regiões, apenas 61% dos habitantes da África Subsaariana têm acesso a fontes apropriadas de água (mais de 40% de todas as pessoas do mundo que precisam de acesso à água potável vivem nessa região), em comparação com 90% da América Latina e Caribe, África do Norte e grande parte da Ásia.
Um elemento adicional que também deve ser considerado é a ‘carga desproporcional’ que a falta de água provoca na vida das mulheres e meninas, já que na maioria dos casos elas são as responsáveis por obtê-la.
‘Elas passam horas para buscar e trazer água, um tempo que poderia ser usado para estudar, e isso prejudica claramente o desenvolvimento delas’, indicou Maria.
Dos 1,1 bilhão de pessoas que ainda fazem suas necessidades fisiológicas ao ar livre, a grande maioria (949 milhões) vive em zonas rurais.
Essa situação também ocorre em regiões com altos níveis de acesso à água potável, como por exemplo 17% da população rural da América Latina e do Caribe e 9% no norte da África.
Até mesmo em países com economias de rápido crescimento há um grande número de pessoas que recorre a essa prática: 626 milhões na Índia, 14 milhões na China e 7,2 milhões no Brasil. EFE