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ONU autoriza envio de 300 observadores à Síria

Por Don Emmert
21 abr 2012, 16h14

O Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou neste sábado por unanimidade uma resolução autorizando o envio de 300 observadores à Síria para supervisionar um cessar-fogo já seriamente comprometido pela morte de mais de 200 pessoas desde a sua instauração há 10 dias.

Enquanto isso, os observadores já no local foram a Homs (centro), cidade símbolo que foi alvo nos últimos dias de violentos bombardeios.

Os 300 observadores militares desarmados devem ser mobilizados “rapidamente” e “por um período inicial de 90 dias”, mas será necessário que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, determine se “a consolidação” do cessar-fogo permite essa mobilização. Os Estados Unidos já ameaçaram não prolongar esta missão para além de três meses.

“Se a suspensão da violência não for respeitada (…) e se não houver progresso rápido em os outros aspectos” do plano de paz do emissário internacional Kofi Annan, “então seremos levados a concluir que esta missão não é mais útil”, declarou a embaixadora americana na ONU, Susan Rice.

A missão de observadores será de alto risco, no momento em que novos episódios de violência deixaram neste sábado 11 mortos em todo o país. É a primeira vez que capacetes azuis são enviados para uma zona de conflito desarmados e sem um acordo formal de cessar-fogo.

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A Rússia, grande aliada de Damasco que bloqueou duas resoluções condenando a repressão antes de adotar os dois projetos prevendo o envio de observadores, pediu ao governo e à oposição o fim da violência e cooperação para que o plano do emissário internacional Kofi Annan seja respeitado.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão da oposição comemorou neste sábado o voto do Conselho de Segurança da ONU, afirmando que atende às “demandas do povo sírio”.

“Sem dúvida alguma, o envio de mais observadores é uma demanda do povo sírio e dos revolucionários que se manifestam todos os dias”, declarou à AFP George Sabra, porta-voz do CNS.

“Mas não acredito que 300 observadores serão suficientes para um país como a Síria, onde a revolução atinge todas as cidades e todos os povoados”, acrescentou, pedindo que essa missão seja ampliada novamente para se tornar “mais eficaz”.

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O Exército Sírio Livre (ESL), que reúne militares dissidentes, também expressou sua satisfação com a votação deste sábado.

“Saudamos o envio de novos observadores. É um passo importante e esperamos que seja um êxito e que permita o fim dos massacres e das destruições praticados pelo regime”, declarou à AFP o coronel Kasem Saadedin, porta-voz do ESL na Síria.

O grupo acrescentou que espera que o envio de novos observadores resulte em “uma aplicação concreta (do plano do emissário internacional Kofi Annan)”.

“Estamos comprometidos com o cessar-fogo e a proteção dos civis é responsabilidade da comunidade internacional”, disse Saadedin da província de Homs (centro) por Skype.

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“As forças do governo não respeitam o cessar-fogo, há bombardeios diários (…) e continua havendo tanques nas ruas”, em uma violação do plano Annan.

O regime e a oposição se acusam mutuamente de violar a trégua instaurada no dia 12 de abril em conformidade com o plano Annan.

Enquanto isso, os observadores que já estão na Síria foram a Homs, terceira maior cidade do país, chamada de a “capital da revolução” pelos militantes.

Eles visitaram principalmente o bairro de Baba Amr, retomado pelo Exército no dia 1º de março ao fim de um mês de violência incessante e mortal, e se reuniram, segundo a agência oficial Sana, com o governador da província, e com moradores e desertores do Exército Sírio Livre (ESL), segundo vídeos de militantes.

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Desde a instauração da trégua, o Exército bombardeia quase que diariamente bairros de Homs que ainda escapam ao seu controle, matando na sexta-feira seis civis, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que indicou uma pausa na violência durante a noite.

Depois de ter hesitado, Damasco assinou o protocolo organizando o trabalho, e estabelecendo, em particular, a liberdade de movimento dos primeiros observadores, mas a equipe de Annan “não se iludiu” a respeito de uma melhoria da situação, afirmou um diplomata ocidental antes da votação no Conselho de Segurança.

Está claro, segundo esse diplomata, “que enviar os observadores é manter a porta aberta” e atuar como um “elemento de moderação para o comportamento do regime” acusado pelos ocidentais de não cumprir seus compromissos desde o início da crise.

Na sexta-feira, milhares de sírios saíram às ruas para acompanhar a equipe de observadores já no terreno. “Onde estão os observadores”? “Onde estão as resoluções vinculantes do Conselho de Segurança”?, perguntavam os manifestantes em cartazes.

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Neste sábado, nove desertores morreram em uma emboscada armada pelas forças do governo sírio na província de Aleppo (norte) e dois civis foram mortos em Deraa (sul) e em Qousseir (centro), segundo o OSDH.

Em Damasco, no bairro de Mazzé, uma “forte explosão” foi ouvida em uma base militar, disseram os militantes sem indicar sua origem.

Na véspera, a violência custou a vida de 46 pessoas -29 civis e 17 soldados-, segundo o OSDH.

No total, ela deixou pelo menos 11.100 mortos em 13 meses e dezenas de milhares de pessoas foram presas, segundo a ONG. As autoridades afirmam ter libertado 4.000 presos desde novembro.

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