Cairo, 15 jun (EFE).- A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta sexta-feira violações sexuais sofridas por homens, mulheres e menores de idade detidos pelas forças do regime sírio em diversas regiões do país.
O grupo de direitos humanos divulgou um relatório com entrevistas com dezenas de detentos e testemunhas que descreveram alguns dos abusos cometidos, como estupros, abusos com uso de objetos e choques em órgãos genitais.
Muitos dos detentos confessaram ter sido presos por seu ativismo político e participação nos protestos nas províncias de Deraa, Homs, Idlib, Latakia e Damasco.
Segundo os depoimentos, tanto as forças de segurança sírias como o exército e as milícias governistas, conhecidas como ‘shabiha’, cometeram esses tipos de delitos nos centros de detenção e nas operações em áreas residenciais.
Um dos entrevistados, identificado como Salim, é um desertor da Inteligência da Força Aérea de Latakia que denunciou ter sofrido descargas elétricas nos genitais e recebido golpes durante um interrogatório.
Outra vítima, Maha, relatou que em fevereiro de 2012 as forças sírias entraram em sua casa procurando seu marido, que não estava, e em seguida a despiram e tocaram, enquanto ameaçavam violá-la.
Vários desertores da polícia e do exército acrescentaram que receberam informações sobre abusos cometidos contra mulheres nas campanhas de detenção e batidas.
‘A violência sexual durante as detenções é uma das armas mais horríveis que o governo sírio tem para torturar e as forças de segurança a usam regularmente para humilhar e degradar os detidos com completa impunidade’, afirmou a diretora da HRW para o Oriente Médio, Sarah Whitson.
A organização considera que não se pode saber a dimensão das violações sexuais na Síria, já que as vítimas são reticentes ao falar de tais abusos, por medo ou vergonha, enquanto a equipe humanitária e investigadora encontra dificuldades para chegar ao país.
Além disso, a ONG documentou casos em que as vítimas não receberam tratamento médico ou psicológico e foram para países vizinhos, onde também encontraram problemas para obter esses serviços, devido a tabus e à oposição da família, entre outras razões.
Diante da situação, o grupo de direitos humanos reivindica às autoridades sírias que proporcionem os serviços de saúde necessários para atender às vítimas da violência e respeitar os mecanismos de confidencialidade.
Além disso, pede ao governo sírio que permita aos observadores da ONU chegar a todos os centros de detenção. A HRW solicita ainda que o Conselho de Segurança da ONU denuncie a Síria no Tribunal Penal Internacional pelos abusos cometidos desde que a revolta eclodiu, em março de 2011. EFE