Ocidente tem uma opção: lançar uma guerra financeira contra a Rússia
Recorrer apenas a protestos verbais contra avanço de Putin faria o Ocidente parecer ridículo e ineficaz diante do resto da comunidade internacional
Por Harold James
12 abr 2014, 18h51
Veja.com Veja.com/VEJA.com
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1/61 Idosa é acolhida após o prédio em que ela morava ser atingido por um bombardeio nos arredores de Donetsk, leste da Ucrânia (VEJA.com/Reuters)
2/61 Bombeiro tenta combater incêndio em uma casa que foi bombardeada em Donetsk, leste da Ucrânia (Maxim Shemetov/AFP)
3/61 Mulher caminha em hospital atingido por míssil em Donetsk, na Ucrânia (VEJA.com/Reuters)
4/61 Portões do Ministério de Defesa da Ucrânia em chamas durante protesto contra a dissolução do batalhão em Kiev (Valentyn Ogirenko/Reuters)
5/61 Membro do Ministério da Defesa da Ucrânia tenta prender membro do batalhão "Aydar", que adentrou o complexo do Ministério durante protesto contra a dissolução do batalhão em Kiev (Valentyn Ogirenko/Reuters)
6/61 Moradores deixam suas casas após bombardeio na cidade de Ienakiieve, na Ucrânia (Maxim Shemetov/Reuters)
7/61 Mulher chora ao ver casas atingidas pelos bombardeios na cidade de Ienakiieve, na Ucrânia (Maxim Shemetov/Reuters)
8/61 Mulher anda com carrinho de bebê em frente à cruzes postas no chão em homenagem aos mortos do bombardeio na cidade de Mariupol, Ucrânia, por combatentes pró-Rússia no último dia 24 de janeiro (Valentyn Ogirenko/Reuters)
9/61 Pelo menos 21 pessoas morreram e 46 ficaram feridas, num bombardeamento durante a manhã de sábado, em Mariupol, na zona leste da Ucrânia (Stringer/Reuters)
10/61 Pelo menos 13 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas após um morteiro atingir um trólebus em Donetsk, no leste da Ucrânia. Mais de 5.000 pessoas morreram na guerra travada desde abril de 2014 entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-russos no leste do país (VEJA.com/Reuters)
11/61 Pessoas carregam uma vítima de um projétil que atingiu um trólebus, em Donetsk (Reprodução/TV/VEJA)
12/61 Imagem aérea tirada por drone no dia 15/01/2015 mostra edifício do Aeroporto Internacional Sergey Prokofiev danificado por bombardeios durante combate entre separatistas pró-Russia e as forças do governo ucraniano, em Donetsk, leste da Ucrânia (VEJA.com/Reuters)
13/61 Imagem aérea tirada por drone no dia 15/01/2015 mostra edifício do Aeroporto Internacional Sergey Prokofiev danificado por bombardeios durante combate entre separatistas pró-Russia e as forças do governo ucraniano, em Donetsk, leste da Ucrânia (Army.SOS/Reuters)
14/61 Imagem aérea tirada por drone no dia 15/01/2015 mostra edifício do Aeroporto Internacional Sergey Prokofiev danificado por bombardeios durante combate entre separatistas pró-Russia e as forças do governo ucraniano, em Donetsk, leste da Ucrânia (VEJA.com/Reuters)
15/61 Imagem aérea tirada por drone no dia 15/01/2015 mostra edifício do Aeroporto Internacional Sergey Prokofiev danificado por bombardeios durante combate entre separatistas pró-Russia e as forças do governo ucraniano, em Donetsk, leste da Ucrânia (VEJA.com/Reuters)
16/61 Imagem aérea tirada por drone no dia 15/01/2015 mostra edifício do Aeroporto Internacional Sergey Prokofiev danificado por bombardeios durante combate entre separatistas pró-Russia e as forças do governo ucraniano, em Donetsk, leste da Ucrânia (Army.SOS/Reuters)
17/61 Vista geral do aeroporto em março de 2014 (Google/Reprodução)
18/61 Fumaça no Aeroporto Internacional de Sergey Prokofiev danificada por bombardeios durante a luta entre os separatistas pró-russos e forças do governo ucraniano, em Donetsk - 12/11/2014 (VEJA.com/Reuters)
19/61 Fumaça no prédio administrativo do Aeroporto Internacional de Sergey Prokofiev após o bombardeio entre separatistas pró-russos e forças do governo da Ucrânia, em Donetsk - 09/11/2014 (VEJA.com/Reuters)
20/61 Mulher em seu apartamento, após recente bombardeio em Donetsk, na Ucrânia - 05/11/2014 (VEJA.com/Reuters)
21/61 Pássaros voam perto da torre de controle de tráfego do Aeroporto Internacional de Sergey Prokofiev, danificada por bombardeios durante combates entre separatistas pró-Rússia e forças do governo ucraniano na semana passada, em Donetsk, na Ucrânia oriental - 9/10/2014 (Shamil Zhumatov/Reuters)
22/61 O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, durante visita à base militar da região fronteiriça de Kiev, em 7/10/2014 (Valentyn Ogirenko/Reuters)
23/61 Rebelde pró-Rússia se prepara para tomar posição perto do Aeroporto Internacional de Sergey Prokofiev, durante os combates com as forças do governo ucraniano, na cidade de Donetsk, na Ucrânia oriental - 4/10/2014. Apesar do cessar-fogo decretado na região, ambos os lados combatentes creem um longo conflito (Shamil Zhumatov/Reuters)
24/61 Manifestantes ultranacionalistas ucranianos protestam contra a concessão de auto-governo nas áreas sob o controle dos rebeldes pró-Rússia nas regiões de Donetsk e Lugansk, em frente à Presidência em Kiev - 17/09/2014 (Sergey Dolzhenko/EFE)
25/61 O parlamentar Vitaly Zhuravsky foi atirado dentro de uma lata de lixo por manifestantes ucranianos (Reprodução/Ukraine Today/VEJA)
26/61 Ativistas do grupo Femen protestam em frente ao Mosteiro de Pechersk Lavra em Kiev. O grupo protestava contra a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou, que apoia a intervenção russa na Ucrânia - 11/09/2014 (Valentyn Ogirenko/Reuters)
27/61 O presidente ucraniano, Petro Poroshenko visitou à cidade costeira de Mariupol em demonstração de solidariedade aos cidadãos em apuros e prometeu defendê-los dos separatistas pró-Rússia - 08/09/2014 (Vasily Fedosenko/Reuters)
28/61 Alunos da Escola de Cadetes durante o primeiro dia na academia militar de Kiev, Ucrânia - 01/09/2014 (Tatyana Zenkovich/EFE)
29/61 Pedaço de projétil fotografado no meio da estrada para o aeroporto de Donetsk, Ucrânia - 01/09/2014 (Maxim Shemetov/Reuters)
30/61 No primeiro dia de curso, aluno da Escola de Cadetes, de Kiev, mostra um desenho em que aparecem as banderias da Ucrânia e da Rússia - 01/09/2014 (Tatyana Zenkovich/EFE)
31/61 Alunos prestigiam a cerimonia que marca o começo ano escolar em Slaviansk, Ucrânia - 01/09/2014 (Gleb Garanich/Reuters)
32/61 Gato anda entre escombros de casa destruída em recente bombardeio em Ilovaysk, leste da Ucrânia - 31/08/2014 (Maxim Shemetov/Reuters)
33/61 Na imagem, uma coluna de fumaça preta sobre o fogo é vista na pequena cidade de Novoazovsk, na região de Donetsk, ao sul da Ucrânia, em 27/08/2014. O país solicitou ajuda da OTAN depois de relatar que um grande comboio de tanques e armamentos russos estava se movendo ao sudeste das fronteiras ucranianas (Alexander Khudoteply/AFP)
34/61 Fogo consome uma escola no centro de Donetsk, cidade controlada pelos rebeldes no leste da Ucrânia, depois de ser atingida por um bombardeio (Francisco Leong/AFP)
35/61 Membros do batalhão de defesa nacional são vistos durante uma marcha em frente ao escritório da Administração Presidencial, em Kiev, como forma de apoio aos soldados que cumprem missão no leste da Ucrânia (Valentyn Ogirenko/Reuters)
36/61 Soldado ucraniano em posto de controle perto da cidade de Donetsk, a maior do leste da Ucrânia (Anatolii Stepanov/AFP)
37/61 Mulher chora após conflito entre rebeldes e militares ucranianos ter deixado mortos nos arredores de Donetsk, ao leste do país (Sergei Karpukhin/Reuters)
38/61 Novos voluntários do batalhão de defesa ucraniano Azov, são vistos em frente a Catedral de Santa Sofia, antes do juramento de fidelidade ao país, em Kiev; Os voluntários partirão em seguida para a Ucrânia oriental (Valentyn Ogirenko/Reuters/VEJA)
39/61 Membro da força-tarefa especial da polícia ucraniana Kiev-1 patrulha a aldeia ucraniana de Semenovka perto Sloviansk (Gleb Garanich/Reuters/Reuters)
40/61 Soldados ucranianos inspecionam um tanque destruído usado por rebeldes pro-Rússia, em Slaviansk na Ucrânia (Maxim Zmeyev/Reuters/VEJA)
41/61 O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, com os membros do esquadrão especial da polícia nacional, na cidade de Slaviansk; O Governo da Ucrânia mantém pressão militar contra os rebeldes pró-Rússia, exigindo que os separatistas deponham as armas (Gleb Garanich/Reuters/VEJA)
42/61 Soldados do governo ucraniano assumem posição em um campo do girassol cerca de 20 km ao sul de Donetsk; A ação integra parte de uma campanha para cercar a cidade e a vizinha, Lugansk, que também é controlada por separatistas pró-Rússia (Dominique Faget/AFP/VEJA)
43/61 Forças ucranianas se deslocam para o norte da região de Donetsk para participar de uma operação anti-terrorista contra os rebeldes pró-Kremlin (Genya Savilov/AFP/VEJA)
44/61 As Forças Armadas da Ucrânia começaram na madrugada desta sexta-feira (2) uma operação militar em Slaviansk, no sudeste do país, para retomar o controle da cidade (AFP/VEJA)
45/61 Ao menos 40 pessoas morreram em combates entre tropas ucranianas e milícias no Aeroporto de Donetsk, na Ucrânia (Ivan Sekretarev/AP/VEJA)
46/61 Homem é observado por membros das forças de segurança durante um comício fora do edifício sindical ucraniano que pegou fogo ontem (2) em Odessa, na Ucrânia (Gleb Garanich/Reuters/VEJA)
47/61 Imagem do líder bolchevique Vladimir Lenin é vista em frente à barricada no centro de Slovyansk, na Ucrânia (AP/VEJA)
48/61 Forças Armadas da Ucrânia cercam posto de controle perto de cidade controlada por separatistas (Vasily Maximov/AFP/VEJA)
49/61 Observadores da OSCE detidos desde sexta-feira (25), participam de uma coletiva de imprensa do líder separatista pró-Rússia e auto-proclamado "prefeito do povo" na cidade ucraniana de Slavyansk (Vasily Maximoc/AFP/VEJA)
50/61 Na Geórgia, manifestantes realizam ato contra a cooperação do país com a Rússia e o envolvimento de Moscou na Ucrânia (Vano Shlamov/AFP/VEJA)
51/61 Forças armadas da Ucrânia planejam lançar Operação anti-terrorista contra os separatistas pró-Rússia elevando os riscos de um confronto militar com Moscou (Shamil Zhumatov/Reuters/VEJA)
52/61 Homem armado representando as forças especiais da Ucrânia monta guarda em frente a um prédio público ocupado anteriormente por manifestantes pró-Rússia (Olga Ivashchenko/Reuters/VEJA)
53/61 Trabalhadores limpam barricada construída por separatistas pró-Rússia em frente ao prédio administrativo de Carcóvia, na Ucrânia (Anatoliy Stepanov/AFP/VEJA)
54/61 Deputados se agridem no Parlamento ucraniano (YURIY KIRNICHNY / AFP/VEJA)
55/61 Observado por policiais ucranianos, homem mascarado balança bandeira russa diante de prédio da administração regional de Donetsk, no leste da Ucrânia (Alexander Ermochenko/AP/VEJA)
56/61 Ativistas pró-Rússia tomam prédio administrativo da cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia (Alexander Khudoteply/AFP/VEJA)
57/61 Ativistas pró-Rússia montam uma barricada em frente a um edifício das forças de segurança de Donetsk, leste da Ucrânia (AFP/VEJA)
58/61 Manifestantes pró-Rússia levantam barricada diante de prédio público na cidade de Kharkiv, leste da Ucrânia (Reuters/VEJA)
59/61 Ativistas pró-Moscou aplaudem durante votação improvisada no prédio do governo regional de Donetsk, no dia 7 de abril, quando o grupo declarou a criação de uma ‘república independente’ (Reuters/VEJA)
60/61 Homens que ocuparam o prédio principal da administração regional improvisam votação pela criação de uma ‘república popular’ em Donetsk, no leste da Ucrânia (Alexander Khudoteply/AFP/VEJA)
61/61 Grupos pró-Moscou entram em conflito com manifestantes favoráveis à manutenção da integridade territorial da Ucrânia em Kharkiv, no leste do país (Reuters/VEJA)
A revolução na Ucrânia e a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia causaram uma grave crise de segurança na Europa. Mas, com líderes ocidentais testando um novo tipo de guerra financeira, a situação pode se tornar ainda mais perigosa. Uma Ucrânia estável, democrática e próspera pode ser perturbadora, – e vista como uma ameaça – pela autocrática e economicamente esclerosada Federação Rússa do Presidente Vladimir Putin. Para evitar tal resultado, Putin está tentando desestabilizar a Ucrânia, apoderando-se da Crimeia e fomentando um conflito étnico no leste do país.
Ao mesmo tempo, Putin tenta estimular o apelo na Rússia duplicando os valores das pensões para crimeanos, aumentando os salários dos 200.000 funcionários públicos da região e construindo uma grande infraestrutura ao estilo das instalações olímpicas de Sochi – incluindo uma ponte de 3 bilhões ao longo do Estreito de Kerch. A sustentabilidade dessa estratégia no longo prazo é duvidosa, devido a tensão que vai ocasionar sobre as finanças públicas da Rússia. Mas, ainda assim, isso vai servir ao objetivo de Putin de projetar a influência da Rússia.
A União Europeia e os Estados Unidos, por sua vez, não querem uma intervenção militar para defender a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Só que recorrer apenas a protestos verbais faria o Ocidente parecer ridículo e ineficaz diante do resto da comunidade internacional, dando origem, em última análise, a novos – e cada vez maiores – desafios de segurança. Isso deixa as potências ocidentais com uma opção: lançar uma guerra financeira contra a Rússia.
Como o ex-funcionário do Tesouro americano Juan Zarate revelou em seu recente livro de memórias ‘Treasury’s War’, os Estados Unidos passaram a década subsequente aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 desenvolvendo um novo conjunto de armas financeiras para ser usado contra seus inimigos – primeiro, a Al Qaeda, em seguida, Coreia do Norte e Irã e agora a Rússia. Essas armas incluíram o congelamento de ativos e o bloqueio de acesso de bancos fraudulentos a finanças internacionais.
Quando a revolução ucraniana começou, o sistema bancário russo já era bastante desgastado e disfuncional. Mas a situação piorou muito após a queda do presidente Viktor Yanukovych e da anexação da Crimeia, que provocaram pânico na bolsa, o que enfraqueceu consideravelmente a economia russa, e sacrificou os ativos dos poderosos oligarcas da Rússia.
Em um sistema capitalista de compadrio, ameaçar a riqueza da elite governante desgasta rapidamente a lealdade ao regime. Para a elite corrupta, há um ponto além do qual a oposição oferece melhor proteção para sua riqueza e poder – um ponto atingido na Ucrânia quando o movimento Maidan ganhou força.
Os discursos de Putin revelam sua convicção de que a UE e os EUA não podem estar falando sério sobre a guerra financeira, o que, em sua opinião, acabaria por danificar mais seus mercados financeiros altamente complexos e interligados do que o sistema financeiro relativamente isolado da Rússia. Afinal, a ligação entre a integração financeira e a vulnerabilidade foi a principal lição da crise financeira que se seguiu ao colapso do banco de investimento americano Lehman Brothers, em 2008.
Na verdade, Lehman era uma instituição pequena comparada aos bancos austríacos, franceses e alemães, altamente expostos ao sistema financeiro da Rússia por meio do empréstimo de dinheiro depositado por pessoas físicas e empresas russas para devedores russos. Diante disso, o congelamento de ativos russos poderia ser catastrófico para os mercados financeiros europeus – e, na verdade, para o mercado global.
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O plano de Putin para desestabilizar a Ucrânia tem, portanto, duas frentes: capitalizar em questões de idioma ou animosidades nacionais na Ucrânia, para promover a fragmentação social enquanto tira vantagem das vulnerabilidades financeiras do Ocidente – especialmente dos europeus. Com efeito, Putin às vezes gosta de enquadrar esse feito como uma competição na qual ele é colocado contra o poder dos mercados financeiros.
1/56 Soldados supostamente russos, se protegem atrás de um blindado, enquanto tentam invadir a base aérea de Belbek, na Crimeia (Shamil Zhumatov/Reuters/VEJA)
2/56 Veículo militar supostamente russo, é visto em frente a entrada da base aérea de Belbek, na Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
3/56 Fogos de artifício explodem sobre a praça central de Simferopol, na Crimeia, enquanto moradores celebram a primeira sexta-feira como parte da Rússia (Reuters/VEJA)
4/56 Em Sevastopol, comemoração após referendo de anexação da região da Crimeia à Rússia (Reuters/VEJA)
5/56 Em Sevastopol, comemoração após referendo de anexação da região da Crimeia à Rússia (Reuters/VEJA)
6/56 Em Sevastopol, comemoração após referendo de anexação da região da Crimeia à Rússia (Rruters/VEJA)
7/56 Em Sevastopol, comemoração após referendo de anexação da região da Crimeia à Rússia (Reuters/VEJA)
8/56 Soldado russo patrulha torre na Crimeia, nesta quianta-feira (20) (Viktor Drachev/AFP/VEJA)
9/56 Soldados russos patrulham área circundante da unidade militar ucraniana em Perevalnoye, na região de Simferopol, Crimeia, nesta quinta-feira (20) (Filippo Monteforte/AFP/VEJA)
10/56 Soldados russos patrulham área circundante da unidade militar ucraniana em Perevalnoye, na região de Simferopol, Crimeia, nesta quinta-feira (20) (Filippo Monteforte/AFP/VEJA)
11/56 Após incorporação da Crimeia à Rússia, letreiro do Parlamento local é trocado por Conselho do Estado da República da Crimeia em Simferopol (VEJA.com/VEJA)
12/56 Homens tiram o letreiro que dá nome ao Parlamento da Crimeia (Reprodução/Twitter/VEJA)
13/56 Mulher passa por soldados russos na sede da Marinha em Simferopol. O Tribunal Constitucional da Rússia decidiu por unanimidade que o presidente Vladimir Putin agiu legalmente ao incorporar a região da Crimeia à Rússia (AFP/VEJA)
14/56 Soldados russos nas ruas de Simferopol, na Ucrânia (Alisa Borovikova/AFP/VEJA)
15/56 Povo da Crimeia comemora na Praça Lênin, em Simferopol, o resultado do referendo que anexa a Crimeia à Rússia (Zurab Kurtsikidze/EFE/VEJA)
16/56 Povo da Crimeia comemora na Praça Lênin, em Simferopol, o resultado do referendo que anexa a Crimeia à Rússia (Hannibal Hannschke/EFE/VEJA)
17/56 Povo da Crimeia comemora na Praça Lênin, em Simferopol, o resultado do referendo que anexa a Crimeia à Rússia (Dimitar Dolkoff/AFP/VEJA)
18/56 População comemora o resultado do referendo na Praça Lênin, em Simferopol, capital da Crimeia (Dimitar Dilkoff/AFP/VEJA)
19/56 Oficiais começam a contagem dos votos do referendo da Crimeia, em Simferopol (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
20/56 Mulher deposita seu voto em uma urna do referendo que irá decidir o futuro da Crimeia (Sergei Karpukhin/Reuters/VEJA)
21/56 Homem deixa a cabine de votação após escolher se a Crimeia deve ou não se separar da Ucrânia, na Crimeia (Filippo Monteforte/AFP/VEJA)
22/56 Mulher deposita seu voto em uma urna do referendo que irá decidir o futuro da Crimeia (Baz Ratner/Reuters/VEJA)
23/56 Criança segura o voto do referendo que decidirá se a Crimeia deve ou não se separar da Ucrânia (Sergei Karpukhin/Reuters/VEJA)
24/56 Urnas são vistas com votos sobre o referendo que irá decidir o futuro da Crimeia (Sergei Karpukhin/Reuters/VEJA)
25/56 População da Crimeia vota em referendo na região de Bakhchysarai (DIMITAR DILKOFF / AFP/VEJA)
26/56 Em Sevastopol, funcinários arrumam local de votação para o referendo do dia 16/03/2014 (AFP/VEJA)
27/56 Em Simferopol, ucranianos passam por placa do referendo que acontece em 16/03/2014 (AFP/VEJA)
28/56 Bandeiras russas na Praça Vladmir Lenin, fundador da União Soviética, na cidade ucraniana de Simferopol (AFP/VEJA)
29/56 Manifestação pró-Rússia nas ruas da cidade ucraniana de Simferopol (AFP/VEJA)
30/56 Manifestante pró-Ucrânia segura um retrato do presidente russo Vladimir Putin com referência a Adolf Hitler, durante um comício na cidade Simferopol na região da Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
31/56 Manifestante pró-Ucrânia com a bandeira do país, durante um comício na cidade Simferopol contra a intervenção russa na Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
32/56 Manifestantes pró-Rússia participam de um comício na cidade de Simferopol, na região da Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
33/56 Manifestantes pró-Rússia participam de um comício no centro da cidade ucraniana de Donetsk (Konstantin Chernichkin/Reuters/VEJA)
34/56 Manifestantes pró-Ucrânia participam de um comício em Simferopol contra a intervenção russa na Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
35/56 Homens armados, supostamente militares russos, marcham fora de uma base militar ucraniana na aldeia de Perevalnoye perto da cidade de Simferopol, na região da Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
36/56 Manifestantes pró-Rússia participam de um comício na cidade de Simferopol, na região da Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
37/56 Militares russos montam guarda a bordo um navio da Marinha em Sebastopol, na Crimeia (Zurab Kurtsikidze/EFE/VEJA)
38/56 Homens armados, supostamente militares russos, marcham fora de uma base militar ucraniana na aldeia de Perevalnoye perto da cidade de Simferopol, na região da Crimeia (Thomas Peter/Reuters/VEJA)
39/56 Tropas da Rússia desembarcam na base aérea de Belbek, na Crimeia (Sean Gallup/Getty Images/VEJA)
40/56 Militares ucranianos deixam aeroporto de Belbek, na região da Crimeia (Baz Ratner/Reuters/VEJA)
41/56 Soldados ucranianos jogam futebol próximo a veículos militares russos, na Crimeia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
42/56 Soldados ucranianos descansam perto da entrada da base aérea de Belbek na periferia de Sebastopol, na Crimeia (Viktor Drachev/EFE/VEJA)
43/56 Pilotos da força aérea ucraniana sentados em sacos de areia na base aérea militar em Belbek, perto de Sebastopol, que está cercada por forças russas (Viktor Drachev/AFP/VEJA)
44/56 Soldados ucranianos montam guarda em base militar da Crimeia, na Ucrânia (Darko Vojinovic/AP/VEJA)
45/56 Pilotos da força aérea ucraniana montam guarda na base aérea militar em Belbek, perto de Sebastopol, que está cercada por forças russas (Viktor Drachev/AFP/VEJA)
46/56 Presidente da Rússia, Vladimir Putin, acompanhado do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, a caminho do local de realização de exercícios militares em Kirillovsky, na região de Leningrado (Mikhail Klimentyev/RIA Novosti/Kremlin/Reuters/VEJA)
47/56 Militares russos montam guarda no Aeroporto Internacional de Sebastopol, na região da Crimeia, Ucrânia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
48/56 Militares e ativistas pró-Rússia foram vistos no aeroporto de Sebastopol, na região da Crimeia, Ucrânia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
49/56 Militares russos montam guarda no Aeroporto Internacional da cidade de Sebastopol, na região da Crimeia, Ucrânia (Vasily Fedosenko/Reuters/VEJA)
50/56 Integrantes da marinha ucraniana observam um navio russo posicionado na baía de Sebastopol, na região da Crimeia (Viktor Drachev/AFP/VEJA)
51/56 Homens armados patrulham ao redor do edifício do parlamento regional, na cidade de Simferopol, região da Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
52/56 Soldado das forças armadas russas aguarda na fronteira da Ucrânia para entrar na cidade de Crimeia, em 01/03/2014 (Baz Ratner/Reuters/VEJA)
53/56 Homem segura uma bandeira militar da era soviética durante um comício pró-Rússia em Simferopol, na região da Crimeia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
54/56 Homem segura a bandeira da Rússia durante um protesto em Crimeia, na Ucrânia em 01/03/2014 (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
55/56 Homens armados patrulham o aeroporto de Simferopol, na república autônoma da Crimeia, sul da Ucrânia, nesta sexta-feira (28) (Viktor Drachev/AFP/VEJA)
56/56 Manifestantes estendem bandeira gigante da Rússia na Crimeia, ao sul da Ucrânia (David Mdzinarishvili/Reuters/VEJA)
A corrida armamentista que antecedeu a I Guerra Mundial foi acompanhada exatamente pela mesma mistura de relutância militar e a pretensão de experimentar o poder dos mercados. Em 1911, um importante livro sobre o sistema financeiro alemão, escrito pelo banqueiro veterano Jacob Riesser, advertiu que: “o inimigo, no entanto, pode tentar agravar um pânico… seja pela repentina coleta de sinistros pendentes, pela venda ilimitada de nossos títulos imobiliários ou por outras tentativas de privar a Alemanha do ouro. Tentativas também podem ser feitas para desordenar nosso capital, nossa moeda e nosso mercado de títulos, e ameaçar a base do nosso sistema de crédito e pagamentos”.
Os políticos começaram a entender as consequências potenciais de vulnerabilidade financeira apenas em 1907, quando enfrentaram o pânico financeiro que se originou nos EUA, e que apresentou graves consequências na Europa continental (e, em alguns aspectos, prefigurou a grande depressão). Essa experiência ensinou cada país a fazer seu próprio sistema financeiro mais resistente para afastar ataques em potencial, e que ataques podem ser uma resposta devastadora à pressão diplomática.
Foi exatamente o que aconteceu em 1911, quando uma disputa sobre o controle do Marrocos estimulou a França a organizar a retirada de 200 milhões de marcos alemães investidos na Alemanha. Mas a Alemanha estava preparada e conseguiu evitar o ataque. De fato, os banqueiros alemães orgulhosamente observaram que a crise de confiança atingiu o mercado de Paris de forma muito mais dura do que os mercados em Berlim ou Hamburgo.
Os esforços dos países para proteger seus sistemas financeiros muitas vezes centralizaram-se no aumento da supervisão bancária e, em muitos casos, na ampliação da autoridade do banco central para incluir a provisão de liquidez de emergência às instituições nacionais. Debates posteriores sobre a reforma financeira nos EUA refletiram esse imperativo com alguns dos fundadores do Federal Reserve, o banco central americano, referindo as aplicações militares e financeiras ao termo “reserva”.
Naquela época, os esforços para a reforma do sistema financeiro foram impulsionados pela ideia de que instituir o capital agregado tornaria o mundo um lugar seguro. No entanto, essa crença alimentou uma confiança excessiva entre os responsáveis pelas reformas, impedindo-os de antecipar medidas militares, que logo seriam necessárias para proteger a economia. Em vez de ser alternativa à guerra, a corrida armamentista no sistema financeiro fez a guerra mais provável – como é muito possível que esteja acontecendo com a Rússia hoje.
Harold James é professor de História na Universidade de Princeton e pesquisador sênior do Centro para Inovação em Governança Internacional.