O presidente americano, Barack Obama, começou suas férias de Natal em sua melhor forma política em 2011, graças à sua vitória sobre os republicanos no Congresso na questão dos impostos.
A derrota dos deputados republicanos sobre a prorrogação da isenção de 2% nas receitas dos trabalhadores americanos por dois meses levantou a moral de Obama, que agora contempla sua corrida pela reeleição, em 2012, de uma luxuosa residência alugada em sua cidade natal, no Havaí.
“Esta é uma pequena vitória, embora seja grande (em alguns aspectos)”, disse John Dingell, um democrata veterano que serve ao décimo primeiro presidente, desde que foi eleito para ocupar a Câmara Baixa em 1955.
Dingell, que votou algumas das leis sociais de maior envergadura na história dos Estados Unidos, disse que Obama teve um êxito bastante modesto na sua política, ao manter os impostos aos trabalhadores em 4,2% até o fim de fevereiro.
Mas ele também destacou que Obama, depois de um ano de agressivos embates com os republicanos desde que estes conquistaram a maioria na Câmara dos Representantes (câmara baixa) após as eleições intermediárias de novembro de 2010, necessitava desesperadamente de uma vitória política simbólica.
O triunfo de Obama ajudará a desconstruir uma impressão ruim entre alguns de seus seguidores de que ele fracassou em ser suficientemente duro com os republicanos.
“Em termos puramente políticos, é uma clara vitória para o presidente Obama e os democratas”, disse Thomas Mann, da Brookings Institution, um centro de análise de Washington.
A disputa começou quando os republicanos da Câmara de Representantes, impulsionados pelo ultra-conservador ‘Tea Party’, se negaram a aprovar o compromisso alcançado no Senado para aumentar a mencionada exoneração de impostos e os subsídios a dois milhões de desempregados.
Sob intensa pressão de Obama, os republicanos do Senado e alguns comentaristas conservadores inimigos do presidente, concordaram finalmente em aceitar a ampliação da exoneração, considerada crucial pelo presidente para a recuperação econômica.
“O enorme erro de cálculo dos republicanos da Câmara tornou isso possível, mas Obama deveria ser firme em não recomeçar as negociações imediatamente para se declarar ganhador”, disse Mann.
“Os democratas do Congresso estão, com razão, aliviados de que (Obama) tenha mantido sua posição no confronto”, acrescentou.
Mais importante ainda para a Casa Branca – que mudou de tática em setembro para posicionar Obama como um guerreiro da classe média -, a estratégia republicana pareceu fazer o jogo de Obama.
Enquanto o republicano é geralmente considerado como o partido dos baixos impostos, Obama foi capaz de pintar a si mesmo como campeão dos cortes de impostos lutando contra seus rivais.
Uma pesquisa do The Washington Post/ABC News revelou que 46% dos americanos confiam mais em Obama em matéria tributária, contra 41% para os republicanos do Congresso.
Na semana passada, uma pesquisa da CNN apontava o nível de aprovação de Obama em 49%, cinco pontos percentuais a mais que no mês passado, ajudado pela crescente sensação entre a classe média de que o presidente precisa ganhar a reeleição em novembro de 2012.
Obama raramente se aproximou dos 50% de aprovação, considerados necessários para que um presidente em exercício se reeleja, registrando um aumento de curto prazo apenas depois da morte de Osama bin Laden, em maio.
O confronto também poderia servir aos interesses de Obama, ao revelar divisões entre as fileiras republicanas na câmara baixa, sugerindo que seu titular, John Boehner, trava uma luta difícil para controlar sua intraquila bancada.
Obama continua altamente vulnerável devido à fragilidade da economia do país – o que dá munição aos aspirantes republicanos à presidência – e a ameaça que a crise da dívida europeia significa para a recuperação americana.
Além disso, o compromisso aprovado na sexta-feira contém as sementes de um novo enfrentamento para o ano que vem. Os legisladores do Congresso, de ambos os partidos, deverão assumir um novo compromisso para estender as exonerações para todo o ano de 2012.