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Obama critica latinos evangélicos que votaram em Trump

Ex-presidente diz que hispânicos acham as bandeiras anti-aborto e anti-LGBT do republicano mais importantes que suas atitudes e comentários 'racistas'

Por Amanda Péchy Atualizado em 8 dez 2020, 17h16 - Publicado em 26 nov 2020, 19h18

O ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, repreendeu os hispânicos que votaram para tentar reeleger o presidente Donald Trump, acusando-os de ignorar os comentários “racistas” do republicano. Em entrevista ao podcast “Breakfast Club” na quarta-feira 25, Obama sugeriu que esses eleitores sucumbiram à retórica conservadora de Trump.

“Há muitos hispânicos evangélicos que acham que o fato de Trump dizer coisas racistas sobre os mexicanos, ou colocar trabalhadores sem documentos em jaulas, é menos importante do que o fato de ele apoiar suas opiniões sobre o casamento gay ou aborto”, disse o ex-presidente.

Como exemplo, Obama citou parte da extensa coleção de insultos do presidente Donald Trump aos latinos. O mandatário disse que o juiz da Suprema Corte Gonzalo Curiel não podia ser imparcial, porque era hispânico, que El Salvador era um “país de merda” e que mexicanos eram “estupradores” e “estúpidos”. Já as “jaulas” referem-se às instalações na fronteira entre os Estados Unidos e o México, onde centenas de crianças foram separadas de suas famílias e detidas em 2018 sob uma política sem precedentes do governo Trump.

Contudo, a crítica do ex-presidente pode prejudicar o apoio já em deterioração da população latina ao Partido Democrata. Pesquisas deste ano mostram que o candidato republicano ganhou uma porcentagem maior do voto latino do que em 2016, saltando de 28% para 32% dos eleitores do grupo.

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Apoiadores e críticos do presidente eleito Joe Biden não hesitam em dizer que o democrata chegou atrasado para a briga pelo voto latino. Ocupado em atingir ex-apoiadores arrependidos de Trump, afro-americanos furiosos com a violência policial e moradores de subúrbios com elevado apreço pela segurança, começou o apelo ao grupo poucos meses antes do pleito em novembro.

Em entrevista a VEJA, Geraldo Cadava, professor de história da Universidade Northwestern e autor do livro The Hispanic Republican: The Shaping of an American Political Identity, from Nixon to Trump (“O Republicano Hispânico: A formação de uma identidade política americana, de Nixon a Trump”), disse que essa tendência não é de hoje: a legenda, contando com o voto latino como “certo”, costuma deixar o grupo demográfico em segundo plano.

Agora, a opinião de Obama de que latinos evangélicos não se importam o suficiente com racismo ou imigração, priorizando questões morais como a bandeira pró-vida e anti-LGBT, recebeu muitas críticas de hispânicos conservadores – o que prejudicou ainda mais a imagem de Biden.

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Republicano especialista em pesquisas eleitorais, Frank Luntz disse que os comentários de Obama são “uma análise preguiçosa que provavelmente se tornará o senso comum de seus seguidores: ‘Pessoas que não nos apoiam são intolerantes.'”

Steve Cortes, um conselheiro de campanha de Trump, disse que o democrata insultou os latinos: “Por mais importantes que sejam as questões da vida, os fatores econômicos levaram a maioria dos eleitores da classe trabalhadora a votar em Trump, incluindo os latinos”.

O senador republicano Tom Cotton, do Arkansas, publicou no Twitter: “Mais uma vez, Barack Obama está muito, muito decepcionado com os americanos, desta vez com os hispânicos evangélicos por colocarem seus valores e interesses econômicos à frente de obsessões liberais”. Enquanto isso, o governador do Texas, Greg Abbot, disse que o Partido Democrata “acha que pode criticar os valores e crenças religiosas dos hispânicos e, ainda assim, garantir o voto usando a retórica racial”.

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Foi faltando apenas um mês e meio para a eleição que Joe Biden fez sua primeira visita à Flórida – lar de uma grande comunidade hispânica, além de um swing state importante. Lá, usou o telefone para tocar a música “Despacito” para uma plateia de porto-riquenhos, em uma tentativa ligeiramente constrangedora de causar uma boa impressão. Independentemente da precisão de Obama, não é de surpreender que uma parte do grupo demográfico esteja buscando outras opções.

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