O galo Maurice vai ao banco dos réus na França
Na aldeia de Saint-Pierre-d'Oléron, uma batalha judicial é travada para calar o cacarejar da ave

Maurice, um charmoso galo de penas cor de cobre, é o motivo de um embate judicial na pacata aldeia francesa de Saint-Pierre-d’Oléron, encrustada numa ilha na costa oeste da França. O motivo: seu cacarejar ao nascer do sol incomoda a vizinhança.
Se galo que é galo canta ao amanhecer, Maurice não foge da regra, mas agora coloca sua garganta a prêmio. Os vizinhos, um casal de 68 anos de idade, que não se identificaram, o acusam formalmente de poluição sonora.
O caso corre na Justiça desde 2017, mas foi aos tribunais da aldeia nesta quinta-feira 4. A dona da ave, Corinne Fesseau, cantora e provável inspiração para a cantoria matutina de Maurice, atesta que o bicho é inofensivo. “Eu moro aqui há 35 anos e ele nunca incomodou ninguém”, diz ela.
Corinne ainda argumenta que seus vizinhos pouco vêm à aldeia e são incapazes de absorver a vida campestre. “Espero que essas pessoas entendam o significado da ruralidade”, afirma ela.
A briga ganhou repercussão significativa: mais de 120.000 pessoas já assinaram uma petição online a favor de Maurice, que não compareceu presencialmente ao tribunal. A decisão da corte sobre sua cantoria será tomada apenas em setembro.
Christophe Sueur, prefeito de Saint-Pierre-D’Oléron, ressalta que o caso do galo é um reflexo de como vive a sociedade contemporânea, com pouco espaço para a tolerância. “O problema é que não toleramos mais uns aos outros”, diz ele.
O prefeito ainda enumera os sons tradicionais do campo que, segundo ele, devem ser protegidos. “Aqui, podemos ouvir canções de rolas, o som de gaivotas, tratores, e é isso que faz a beleza da nossa ilha. A paisagem sonora é muito importante e contribui para o charme da nossa paisagem”, defende ele.

O galo, que é um dos símbolos da França e ingrediente de uma de suas receitas mais típicas, ganhou a torcida de outro prefeito, Bruno Dionis du Sejour, da cidade rural de Gajac, no sul do país. “Espero que o galo ganhe. É incrível que as pessoas que vêm da cidade não queiram ouvir os sons do campo: o galo, a vaca, o sino da igreja”.
Sejour tem razão. Imagine se a próxima batalha for sobre o mugido das vacas.
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