Número de candidatas negras ao Congresso dos EUA bate recorde
Ao menos 122 mulheres negras ou multirraciais disputarão vagas no Legislativo federal este ano; cifra aumenta desde 2012, mas ainda há sub-representação
Nos Estados Unidos, um número recorde de mulheres negras está concorrendo ao Congresso nas eleições deste ano. Ao menos 122 mulheres negras ou multirraciais disputarão cadeiras no Legislativo federal no dia 3 de novembro, cifra que aumenta desde 2012, quando eram apenas 48 candidatas, de acordo com o Centro para Mulheres e Políticas Americanas (Cawp).
A 100 dias das eleições, o país luta contra a pandemia de coronavírus, que vem infectando e matando negros desproporcionalmente. Os negros constituem quase 13% da população americana, mas compõem 23% de todas as mortes de Covid-19 até o dia 3 de junho, de acordo com os Centros de Controle de Doenças (CDC).
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Clique e AssineAlém disso, um movimento antirracista cada vez mais sólido tomou as ruas contra a violência policial desde que George Floyd foi morto sob a custódia de um policial branco. Em meio à queda de estátuas confederadas – e até mesmo a proibição pelas Forças Armadas da bandeira confederada –, a temática do racismo tomou os holofotes das eleições deste ano.
Para Joyce Elliott, parlamentar estadual em Arkansas de 69 anos, a eleição do final do ano será “uma chance de mudar nossa história”. Ela foi a segunda estudante negra no ensino médio de sua escola – a primeira foi sua irmã mais velha.
“Decidi que precisava concorrer porque vejo um caminho para vencer”, diz Elliott. Se eleita, será a primeira deputada negra de seu estado em Washington.
“As pessoas estão ficando mais acostumadas a ver tipos diferentes de pessoas no Congresso”, diz Pam Keith, veterana da Marinha e advogada que busca uma vaga no Congresso pela Flórida.
As mulheres negras são quase 8% da população dos Estados Unidos, mas apenas 4,3% do Congresso, de acordo com um relatório do Centro para Mulheres e Políticas e Alturas Maiores da América, comitê de ação política cujo objetivo é eleger mais mulheres negras. Além do Congresso, o grupo também é sub-representado no âmbito estadual e municipal, segundo o relatório.
Historicamente, mulheres negras têm mais chances de vencer em distritos de maioria negra e o crescimento de congressistas do grupo também se deve ao índice de participação de eleitoras negras, maior que o de qualquer grupo nas eleições presidenciais de 2008 e 2012.
Só que, neste ciclo eleitoral, muitas estão concorrendo em distritos mistos ou de maioria branca – alguns dos quais votaram anteriormente em republicanos. Se ganharem, será um mais um grande marco para o grupo na história da política americana.
(Com Reuters)