NSA testou programa para obter localização de celulares
Projeto foi colocado em prática entre 2010 e 2011, mas acabou abandonado. Diretor da NSA diz que sistema 'pode vir a ser necessário' novamente nos EUA
A Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) testou entre 2010 e 2011 um programa para coletar dados de celulares de cidadãos americanos e determinar a localização dos aparelhos. A informação foi revelada pelo jornal americano The New York Times nesta quarta-feira. O jornal revelou ainda que o projeto foi abandonado – pelo menos por enquanto.
A existência do projeto, que usa dados de torres de telefonia celular para localizar os celulares das pessoas, foi confirmada pelo diretor de inteligência nacional, James R. Clapper, em uma audiência no Senado. “Entre 2010 e 2011 a NSA recebeu amostras para testar a capacidade de seus sistemas para lidar com os formatos de dados, mas esses dados não foram usados para qualquer propósito e nunca estiveram disponíveis para o trabalho de análise”, disse Clapper. Ele acrescentou que a NSA prometeu notificar o Congresso americano para a formação de um comitê de vigilância caso venha a precisar coletar informações sobre a localização de cidadãos americanos novamente no futuro.
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O presidente do Comitê de Justiça do Senado, o democrata Patrick Leahy, ressaltou que está trabalhando em um projeto para eliminar a capacidade da NSA de obter sistematicamente informações sobre as chamadas feitas pelos americanos. A também democrata Dianne Feinstein, presidente do Comitê de Inteligência, advertiu que acabar com o programa de coleta de dados telefônicos aumentaria o risco de um ataque terrorista. “Eu farei tudo o que puder para evitar que este programa seja cancelado”.
Também nesta quarta-feira, o diretor da NSA, general Keith Alexander, confirmou em uma audiência no Senado que tal programa de fato existiu, mas foi iniciado apenas para observar como os dados dos telefones poderiam ser coletados pelos sistemas da NSA. “Isso pode vir a ser necessário para o país, mas no momento não é. Quando conseguimos algum número podemos entregá-lo para o FBI (polícia federal americana) e eles conseguem obter um mandado para coletar os dados necessários. Essa é a razão para termos parado em 2011”.
O general não informou quantos americanos tiveram seus dados usados no ‘teste’ do sistema. Depois da audiência, ele disse a jornalistas que a agência encerrou o programa porque “não conseguiu encontrar um valor operacional para isso”.