NSA espiona transações bancárias e firmas de cartão de crédito, diz revista
'Der Spiegel' afirma que interceptação da Agência de Segurança Nacional dos EUA atinge dados de transações feitas por empresas como Visa e Mastercard
A Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) monitora transações bancárias e com cartões de crédito de gigantes como Visa e Mastercard, informou a revista alemã Der Spiegel. Em mais uma reportagem com origem em documentos vazados pelo ex-analista de informática Edward Snowden, a publicação afirma que a agência de inteligência monitora de forma abrangente e efetiva fluxos financeiros globais e reúne as informações em uma poderosa base de dados. O ramo da espionagem que lida com essa área é chamado “Follow the Money” (“Siga o dinheiro”, uma referência à frase dita por Mark Felt, o “Garganta Profunda”, fonte que guiou os repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein, do jornal The Washington Post, nas investigações do escândalo Watergate, nos anos 70).
Transações financeiras são o “calcanhar de Aquiles” dos terroristas, ressalta a NSA em um relatório interno. A atividade dedicada às transações financeiras inclui ainda interceptar transferências ilegais de armas e monitorar o cada vez mais lucrativo campo dos crimes cibernético. Ao controlar os fluxos do dinheiro no mundo todo, é possível identificar crimes políticos e ainda monitorar se sanções estão sendo respeitadas, aponta a reportagem.
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Os documentos secretos revelam que a NSA tem várias maneiras para acessar os dados da Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Globais (Swift), cooperativa sediada em Bruxelas que é usada por milhares de bancos em todo o mundo para criar um canal de comunicação entre as instituições e padronizar as transações. Parte da informação já havia sido divulgada em reportagem da Rede Globo no dia 8 de setembro, que na ocasião também mostrou que a NSA rastreou dados da Petrobras.
Visa e Mastercard – A NSA também tem, aparentemente, um conhecimento profundo sobre os processos internos de empresas de cartão de crédito como Visa e Mastercard. A agência coleta informações de transações com cartões de crédito de aproximadamente setenta bancos no mundo todo, a maior parte deles nos países europeus mais atingidos pela crise econômica: Itália, Espanha e Grécia. Tal operação é concentrada no código ‘Dishfire’, que está em operação desde 2009.
Em uma conferência em 2010, analistas da agência de inteligência expuseram uma detalhada descrição de como buscaram possíveis pontos de acesso na complexa rede usada pela Visa para processar suas transações – empreitada na qual alegadamente foram bem-sucedidos. O alvo, disseram os analistas, eram transações de clientes da Visa na Europa, Oriente Médio e África. A Visa afirmou à revista alemã que “não tem conhecimento de nenhum acesso não autorizado à sua rede”.
“A Visa leva a sério a segurança de dados e, em resposta a qualquer tentativa de invasão, buscaríamos todos os recursos possíveis na extensão da lei. Além disso, a política da Visa é de fornecer informações sobre transações em resposta a mandados ou outro processo legal válido”, declarou a empresa. A Mastercard não respondeu aos questionamentos da Der Spiegel.
Por fim, a reportagem afirma que a NSA reconhece que dados criptografados podem apresentar problemas, ao menos temporários, para a espionagem. Um documento indica que a agência teve acesso até 2008 à base de dados da Western Union, a empresa internacional de transferência de valores que atua em mais de 200 países, e só não conseguiu mais monitorar transações porque a empresa reforçou a segurança dos seus códigos.