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Novo vírus descoberto na China, Langya pode ser ‘apenas ponta do iceberg’

De acordo com pesquisadores, número de casos zoonóticos pode estar sendo subestimados

Por Matheus Deccache Atualizado em 14 ago 2022, 07h53 - Publicado em 12 ago 2022, 14h37

Cientistas alertaram nesta sexta-feira, 12, que o vírus Langya henipavirus, descoberto no leste da China, pode ser transmitido com facilidade de animas para humanos. Embora seja improvável que ele cause uma nova pandemia mundial, a nova cepa já infectou 35 moradores e agricultores locais e pode ter se espalhado por meio dos musaranhos, pequenos mamíferos encontrados na região. 

O patógeno ainda não causou nenhuma morte, mas foi detectado em pacientes que apresentaram febre em hospitais nas províncias de Shandong e Henan entre 2018 e 2021, uma descoberta que corrobora o aviso de longa data de cientistas de que os vírus animais estão se espalhando com relativa facilidade para humanos sem ser detectados. 

“Estamos subestimando enormemente o número desses casos zoonóticos no mundo, e o Langya é apenas a ponta do iceberg”, disse Lee Poon, especialista em vírus emergentes e professor da Universidade de Hong Kong, à rede CNN.

Globalmente estima-se que 70% de todas as doenças infecciosas emergentes tenham passado para os seres humanos por meio de animais, em um fenômeno que cresceu nos últimos anos devido à expansão da população humana nos habitats de vida selvagem. Os efeitos devastadores da Covid-19, que tem sua origem provável em um morcego, demonstram a importância de identificar rapidamente esses vírus para controlá-los o mais cedo possível. 

+ O que é o Langya henipavirus, novo vírus encontrado na China

A primeira pesquisa científica sobre o vírus foi publicada no periódico médico New England Journal of Medicine na semana passada e recebeu uma atenção global devido à maior preocupação com surtos de doenças. O artigo usa como exemplo a Covid-19, à medida que, mesmo depois de três anos de sua descoberta, milhares de casos ainda são relatados diariamente. 

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Pesquisadores apontam que não há evidências de que o Langya esteja se espalhando entre pessoas ou que tenha causado um surto local de casos conectados. No entanto, ainda são necessários mais estudos e pacientes para descartar completamente a infecção de um humano para outro.

Os primeiros indícios do patógeno surgiram em 2018, quando uma agricultora na província de Shandong deu entrada no hospital apresentando sintomas como febre, dor de cabeça, tosse e náusea. Como ela indicou que tinha contato frequente com animais, a paciente foi inscrita em uma triagem adicional realizada em três hospitais focados na identificação de doenças zoonóticas. 

Quando as amostras foram analisadas, os cientistas encontraram vestígios de patógenos altamente fatais que não têm histórico de transmissão entre pessoas. Nos três anos seguintes, pesquisadores de três hospitais rastrearam o mesmo vírus em outras 34 pessoas que apresentavam os mesmos sintomas descritos pela agricultora.

Desses, nove pacientes também foram infectados com outros tipos de vírus conhecidos – como o da gripe –, o que dificulta um diagnóstico claro. No entanto, os pesquisadores apontam que os 26 pacientes restantes podem ter apresentado sintomas causados pelo Langya

+ Primeiro epicentro da Covid, Wuhan entra em lockdown (de novo)

Alguns infectados chegaram a registrar casos mais graves como pneumonia ou trombocitopenia, que ocorre quando a medula óssea produz quantidades insuficientes de plaquetas, mas são condições muito diferentes das vistas em outros pacientes e ninguém morreu nem precisou ir para a Unidade de Tratamento Intensivo. 

Segundo os pesquisadores, os casos foram encontrados com distâncias de até 700 quilômetros e, como se sabia que o vírus circula entre os animais que têm ampla presença em todo o sudoeste chinês, não era surpreendente ver a transmissão para humanos. Desse modo, não houve contato próximo entre humanos infectados, o que sugere que as contaminações podem ter sido esporádicas. 

Assim que foi traçada a linha de que a infecção não era causada de um humano para o outro, os cientistas começaram a analisar os animais domésticos das regiões, mas encontraram poucos registros em cabras e cachorros. O avanço real veio, no entanto, quando foram encontradas 71 infecções em duas espécies de musaranhos, levando à teoria de que o Langya circula entre eles. 

+ Cientistas descobrem onde começou a pandemia da Covid-19

Cientistas apontam que mais estudos são necessários para confirmar as informações descobertas sobre o Langya e que a expansão geográfica onde ele foi descoberto sugere um alto risco de infecção e propagação. Desse modo, questões críticas ainda precisam ser respondidas sobre quão disseminado o novo vírus pode estar na natureza, como ele está se espalhando entre as pessoas e quão perigoso é para a saúde humana.

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