Javier Alonso.
Paris, 20 abr (EFE).- O candidato que vencer as eleições presidenciais francesas e assumir a chefia do Estado terá pela frente um prazo muito curto para tomar importantes decisões sobre o futuro do país como potência internacional. O primeiro turno das eleições ocorre no dia 22 de abril, e a segunda fase será em 6 de maio.
De início, o novo presidente irá a Camp David (Estados Unidos) para a cúpula do G8. Em plena crise econômica e financeira, a França chegará à reunião debilitada pela perda de sua nota ‘triplo A’ e com o desafio de manter a influência no grupo dos países mais industrializados.
Em seguida, haverá na Otan, em Chicago, uma discussão sobre o calendário de retirada de tropas do Afeganistão. Nos dois fóruns, os objetivos da França são definir seu papel no panorama internacional em transição, com o eixo se voltando para a região Ásia-Pacífico.
No entanto, nas campanhas presidenciais, as questões de defesa e política externa estão praticamente ausentes na campanha e, quando são abordadas, estão relacionadas à saída da crise na zona do euro.
Dessa forma, muitas questões centrais do país ficaram fora do debate. Alguns exemplos são armamento nuclear e presença em conflitos internacionais, como a situação na Síria, a ameaça ao Irã por seu plano nuclear e o futuro de Israel e Palestina.
Os assuntos citados ficaram de lado por causa da prioridade dada ao futuro da relação com a Alemanha e a continuidade do pacto orçamentário na União Europeia. Sobre o segundo, Hollande afirmou que, se vencer o pleito, renegociará as condições.
O diretor do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicos, Pascal Boniface, disse à Agência Efe que tudo depende da ambição da França. ‘Há grandes desafios, como a mudança climática, segurança coletiva, consolidação dos estados fracassados. São assuntos que afetam todo o mundo e que a França não pode enfrentar só’, afirmou.
Ainda de acordo com o especialista, o principal desafio da França é enfrentar as mudanças atuais. Apesar da relativa ausência das questões exteriores durante a campanha eleitoral, Boniface destacou a importância do cenário global para os franceses.
Enquanto isso, a diretora da Fundação por Pesquisas Estratégicas, Camille Grand, disse ao jornal francês ‘Le Monde’ que ‘as decisões tomadas no primeiro ano dos próximos cinco terão uma influência decisiva sobre a capacidade de a França continuar sendo, ou não, um ator estratégico de primeira categoria’.
Nessa perspectiva, o tipo de relação que o país quer manter com os Estados Unidos – vínculo recuperado nos últimos anos, embora com reticências, depois do desencontro levantado pela intervenção no Iraque – e especialmente com os países árabes.
Com os árabes, Paris terá que definir o seu papel no acompanhamento geral dos países onde ocorrem revoluções, depois da participação protagonista da França, junto com o Reino Unido, no caso da Líbia. EFE