Novo premiê do Líbano nega ser candidato do Hezbollah
Najib Mikati ainda ressaltou que não busca qualquer confronto com o Ocidente
“Ninguém no Líbano procura um choque com a comunidade internacional”
O novo primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, negou ser candidato do grupo extremista Hezbollah, que apoiou sua candidatura e deixou em alerta a comunidade internacional. Em entrevista concedida à emissora de TV local LBC e reproduzida pela imprensa nesta quarta-feira, ele disse ainda que não busca confronto com o Ocidente.
“Por que querem que eu enfrente o Ocidente?”, perguntou, respondendo ele mesmo logo em seguida: “Ninguém no Líbano procura um choque com a comunidade internacional”, que se mostrou inquieta por sua escolha ter acontecido em um ambiente de muita tensão no país, cuja população se mostra dividida com relação a um tribunal especial apoiado pela ONU que investiga o assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, em fevereiro de 2005. O Tribunal Especial para o Líbano (TEL), com sede na Holanda, está analisando a ata de acusação apresentada em 17 de janeiro pela promotoria. Aparentemente, militantes do Hezbollah estariam envolvidos no atentado que matou Rafik Hariri. “Respeitarei os compromissos internacionais do Líbano, a não ser que haja unanimidade nacional” no sentido contrário, acrescentou Mikati, em alusão ao desejo do Hezbollah de anular as diligências desse tribunal.
Mikati assegurou que não pertence à aliança 8 de Março, liderada pelo Hezbollah e afirmou que ninguém lhe impôs condições para apoiar sua candidatura. O premiê ressaltou também sua identidade sunita, necessária para poder ser primeiro-ministro, dentro do esquema político do Líbano, e afirmou ter a maioria da opinião pública de Trípoli, cidade onde nos últimos dias houve manifestações contra sua candidatura. Ele negou qualquer ruptura com Saad Hariri, seu antecessor e antigo aliado. “Qualquer que seja sua posição, continuará sendo um amigo e um irmão para mim.” O novo premiê também reconheceu ter viajado nos últimos dias à Síria, país com grande influência no Líbano, e admitiu contatos “não detalhados com responsáveis amigos no Ocidente e no mundo árabe”.
Israel – O governo israelense parece não ter comprado o discurso do premiê. Nesta quarta, o vice-primeiro-ministro israelense Suylvan Shalom pediu à comunidade internacional que impeça o Hezbollah e o Irã de transformar “o Líbano em refém”, depois da designação de Mikati para formar o novo governo em Beirute. “A comunidade internacional deve fazer todo o possível para impedir que o Hezbollah e o Irã tomem o Líbano como refém”, afirmou Shalom, em entrevista à rádio pública. “O Hezbollah não é apenas uma organização terrorista, é também uma organização terrorista controlada pelo estado iraniano”, acrescentou.
(Com agências EFE e France-Presse)