Ondas de calor intensas e em níveis recordes devem aumentar com o avanço do cataclisma climático, afetando países mais vulneráveis, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira, 25, pela revista americana Nature Communications. A partir de um conjunto de dados sobre temperatura dos últimos 60 anos, os pesquisadores analisaram quais regiões serão mais afetadas por possíveis ocorrências de calor extremo. Entre os impactos negativos da nova onda estão a redução da qualidade do ar, a piora da seca e aumento do risco de incêndios florestais.
Além disso, o calor intenso é um dos desastres naturais mais mortais, podendo causar exaustão, sintomas como dores de cabeça, tonturas, náuseas e perda de consciência, gerando sérios riscos à saúde humana. A insolação, ainda, é a principal doença relacionada ao calor e pode levar à incapacidade permanente ou até mesmo à morte.
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Com rápido crescimento populacional, acesso restrito à saúde e à energia elétrica, regiões como Afeganistão, Papua Nova Guiné e áreas da América Central, incluindo Guatemala, Honduras e Nicarágua, estão mais vulneráveis a picos de calor nos próximos anos. De acordo com Dann Mitchell, um dos autores do estudo, os afegãos serão particularmente afetados pelos problemas sociais e econômicos que o país já enfrenta.
“Há evidências de que essas regiões podem enfrentar uma grande onda de calor e não estariam preparadas para isso”, disse Mitchell, em entrevista à CNN.
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O relatório aponta, inclusive, que ondas de calor “estatisticamente implausíveis”, que ultrapassaram os padrões históricos, ocorreram entre 1959 e 2021 em 30% das regiões estudadas. Em Lytton, no Canadá, as temperaturas alcançaram cerca de 50 graus Celsius em junho de 2021. A escalada quebrou o recorde anterior, que era inferior em cinco graus.
O fenômeno tem influenciado o clima mundial e afeta milhões de pessoas que vivem em territórios densamente povoados, apesar dos recursos dos países para diminuir os piores impactos do calor. China, especialmente Pequim, e países europeus, como Alemanha e Bélgica, também são zonas de alto risco segundo o levantamento.
O relatório alerta, ainda, os governos para a tomada de providências para os próximos eventos de calor, que estão previstos para superar expressivamente as médias climáticas. A criação de centros de resfriamento e a redução de horas de trabalho para cidadãos que estão expostos ao ar livre são algumas das opções apresentadas pelos pesquisadores.