Nova Zelândia recebe ex-soldado que vazou documentos nos EUA
Chelsea Manning dará palestras no país; ela cumpriu sete anos de prisão e recebeu indulto de Barack Obama
As autoridades neozelandesas confirmaram nesta sexta-feira 31 a concessão de uma permissão especial de entrada no país para Chelsea Manning, a ex-analista militar que vazou milhares de documentos da inteligência americana para o portal WikiLeaks.
“Ainda que a senhora Manning tenha sido condenada por um crime grave e sentenciada a 35 anos de prisão, levou-se em conta que sua sentença foi comutada pelo presidente (Barack) Obama”, explicou o gerente de Imigração, Steve Stuart, em comunicado.
Na decisão, também foi levado em conta a possibilidade mínima de Manning reincidir no crime. Foram consideradas também as suas viagens internacionais anteriores.
Manning dará uma série de palestras a partir de domingo na Austrália e, depois, na Nova Zelândia. Para ingressar no país, conforme as regras locais, teria de obter uma dispensa especial ou uma isenção de visto por causa de seus antecedentes penais.
“Ao emitir esta decisão, o funcionário (que avaliou o caso) não vê razão para crer que a senhora Manning não cumpra com os termos e condições de qualquer visto emitido pela Nova Zelândia”, destacou Stuart.
O anúncio acontece um dia depois de Suzi Jamil, diretora da empresa Think Inc, que organiza a viagem de Manning pela Oceânia, dizer que as autoridades australianas a avisaram da sua intenção de negar a entrada à palestrante devido seus antecedentes criminais.
A americana transgênero, de 30 anos, foi condenada em 2013 a 35 anos de prisão pelo maior vazamento de documentos confidenciais da história dos Estados Unidos. Foram expostos 700.000 documentos e vídeos militares e diplomáticos. Entre eles, as filmagens do ataque de um helicóptero americano em Bagdá que provocou a morte de doze civis.
Na época, Chelsea era identificada como soldado Bradley Manning, especializado na área de inteligência. Ela fora presa em 2010, esperou um ano na prisão antes de ser condenada e cumpriu pena por sete anos.
Na espera pelo julgamento, foi submetida a tratamento “cruel, desumano e degradante”, segundo a Organização das Nações Unidas. Em duas ocasiões, tentou cometer suicídio.
A Nova Zelândia negou no passado a entrada ao rapper Tyler, The Creator, e ao seu grupo Odd Future por considerar que representaria “uma ameaça à ordem pública ou ao interesse público” e também ao ex-boxeador Mike Tyson pela condenação por estupro em 1992.
(Com EFE)