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Nova York quer processar governo Trump por separação de famílias

Governador do estado diz que dividir famílias é violação de direitos constitucionais e tragédia humana

Por Da Redação
Atualizado em 20 jun 2018, 10h30 - Publicado em 20 jun 2018, 10h17

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, afirmou na terça-feira (19) que o estado pretende processar o governo de Donald Trump devido à separação de pais e filhos imigrantes na fronteira dos Estados Unidos. Cuomo, um democrata e adversário político do presidente, considera a divisão das famílias ilegal sob a constituição americana e “uma tragédia humana”.

Desde abril, quase 2000 crianças foram separadas de seus pais após cruzarem ilegalmente a fronteira. A ação faz parte da política de tolerância zero do governo Trump, anunciada pelo secretário de justiça Jeff Sessions. Segundo essa política, imigrantes que forem pegos cruzando ilegalmente a fronteira sul dos Estados Unidos com o México serão processados e terão seus filhos levados.

As separações têm causado controvérsia dentro e fora do país. A divulgação de imagens que mostram crianças dormindo em gaiolas e um áudio no qual é possível ouvi-las chorando e implorando por seus pais, causou revolta. Segundo jornalistas que tiveram acesso aos abrigos, menores com idades entre 1 e 18 anos dormem em colchões sobre concreto em unidades rodeadas de cercas metálicas que dão, ao conjunto, a impressão de uma enorme jaula.

Agentes da Patrulha da Fronteira dos Estados Unidos conduzem a entrada de imigrantes ilegais no Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras em McAllen, no Texas (US Customs and Border Protection/Flickr)

“A política do governo Trump de dividir famílias é um fracasso moral e uma tragédia humana”, disse Cuomo em comunicado anunciando o processo. “Nova York agirá e entrará com um processo para acabar com este ataque insensível e deliberado contra as comunidades de imigrantes e acabar com essa política sem coração de uma vez por todas”.

Segundo o governador, separar pais e crianças na fronteira viola seus direitos sob a Constituição dos Estados Unidos, precedentes da Suprema Corte do país e um acordo legal de 1997 que estabelece padrões para o tratamento de crianças detidas por razões imigratórias. “Não toleraremos os direitos constitucionais das crianças e seus pais serem violados pelo nosso governo federal”.

Mais cedo, Cuomo enviou uma carta ao vice-presidente americano, Mike Pence, condenando a política.

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De acordo com seu gabinete, cerca de 70 crianças estão em abrigos localizados em Nova York, algumas delas na própria cidade de Nova York, em bairros como o Bronx. Na segunda-feira, ele anunciou que chamaria de volta suas tropas da Guarda Nacional que faz a segurança da fronteira se a política continuasse. Governadores do Colorado e Massachusetts anunciaram o mesmo.

Um porta-voz do governo Trump não pôde ser imediatamente contatado para comentários sobre o processo de Nova York.

Autoridades dos Estados Unidos defendem as medidas controversas como uma maneira de proteger a fronteira e impedir entrada ilegal. Trump, um republicano, fez da postura linha-dura sobre imigração uma peça central de sua Presidência.

Democratas e o Papa criticam a política

Em protestos nos corredores do Capitólio, democratas condenaram o governo Trump pela política de tolerância zero.

“Presidente, por acaso o senhor não tem filhos?!”, gritou Juan Vargas, membro da Câmara de Representantes, quando Trump saía de uma reunião com seus aliados republicanos. “Gostaria de ser separado de seus filhos?!”, insistiu.

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Trump se limitou a virar e a sorrir para as câmeras situadas atrás de meia dúzia de legisladores democratas que exibiam fotos de menores chorando e cartazes com a frase: “Famílias devem permanecer unidas”.

“Deixe de separar as crianças” de seus pais, gritou outro parlamentar, enquanto a equipe da Casa Branca, incluindo a secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, caminhava pelos corredores após a reunião sobre imigração com legisladores republicanos.

Longe de ceder à polêmica causada pela separação de famílias, Trump quer que os republicanos apresentem um projeto de lei para regularizar a situação.

O Papa se uniu aos críticos de Trump. Em entrevista à agência Reuters nesta quarta-feira (20) – dia mundial do refugiado – o Papa Francisco disse apoiar os bispos americanos que chamaram a separação de família de “imoral” e “contrária aos valores católicos”

(Com Reuters e AFP)

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