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Nicolás Maduro contrata agência “progressista” dos EUA para melhorar imagem de seu governo

O presidente venezuelano recorreu a um escritório de relações públicas, com sede em Washington, para organizar excursão de observadores amigos no dia das eleições legislativas

Por Leonardo Coutinho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 dez 2018, 10h47 - Publicado em 25 nov 2015, 18h23

O governo da Venezuela contratou um escritório de relações públicas com sede em Washington para tentar melhorar sua imagem. A tarefa coube a uma agência que se autodefine como especializada em clientes “progressistas”, a FitzGibbon Media.

Maximilien Arveláiz, encarregado de negócios do governo venezuelano na representação do país em Washington e ex-embaixador em Brasília de 2010 a 2013, fez uma escolha estratégica. Além de conviver com a esquerda americana, a FitzGibbon tem em seu portfólio clientes de uma série de organizações de defesa dos direitos humanos, entre as quais a Anistia Internacional. Ironicamente, uma das maiores manchas na imagem do regime venezuelano são as violações aos direitos humanos, a perseguição aos opositores políticos e a manipulação da Justiça.

Nas últimas semanas, a FitzGibbon distribuiu uma série de convites para escritores, jornalistas e ativistas simpatizantes do regime chavista convidando-os a atuar como observadores internacionais nas eleições venezuelanas, marcadas para o dia 6 de dezembro. Segundo um desses e-mails, ao qual VEJA.com teve acesso, a viagem será paga pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e é apresentada como “uma oportunidade” para “os membros da comunidade internacional e de imprensa verem como o sistema eleitoral funciona. Um dos mais impenetráveis do planeta, segundo o Centro Carter”.

Os relações públicas não mencionam o fato de a organização fundada pelo ex-presidente americano ter encerrado suas operações na Venezuela em maio deste ano, justamente por não haver condições de monitorar as eleições de maneira independente. Em nota oficial, porém, o Centro Carter limitou-se a dizer que decidiu “focar seus recursos limitados em outros países que tenham solicitado apoio”. Procurados, os representantes do FitzGibbon Media não responderam às perguntas da reportagem.

VEJA.com teve acesso a documentos oficiais do CNE onde aparecem os nomes de 102 “observadores nacionais”. Todos com total alinhamento com o chavismo. O documento de 25 páginas traz, além dos nomes, todos os dados para emissão dos bilhetes. Entre os observadores amigos há dois brasileiros. O diplomata Samuel Pinheiro Guimarães Neto, que foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O segundo é o jornalista Carlos Alberto de Almeida, um servidor aposentado do Senado que é representante no Brasil da emissora estatal venezuelana Telesur.

O esforço dos venezuelanos em montar uma comissão de observadores internacionais alinhados com seu governo tem como objetivo amenizar as críticas e suspeitas sobre a lisura no processo. No início do mês, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, criticou os venezuelanos, que se negaram a receber observadores internacionais independentes e com acesso irrestrito ao processo eleitoral. Segundo Almagro, “as condições em que o povo irá votar não estão, neste momento, garantidas em matéria de transparência e justiça eleitoral”.

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Em nota, Almagro acusou os chavistas de usarem recursos públicos em favor dos candidatos governistas e de perseguir os opositores, inclusive, vetando candidaturas de adversários. O secretário-geral também lamentou o veto do presidente Nicolás Maduro à participação da OEA nas eleições. A carta de Almagro foi divulgada duas semanas depois de o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, José Antonio Dias Toffoli, anunciar que o Brasil não enviaria representantes para acompanhar as eleições venezuelanas.

Segundo nota emitida pelo TSE, “a demora do órgão eleitoral venezuelano em pronunciar-se sobre a versão revista do acordo fez com que a missão não pudesse acompanhar a auditoria do sistema eletrônico de votação e tampouco iniciar a avaliação da observância da equidade na contenda eleitoral, o que, a menos de dois meses das eleições, inviabiliza uma observação adequada”.

Estre as missões da consultoria contratada por Maduro está a de ajudar a Embaixada da Venezuela em Washington no esforço da normalização das relações com os Estados Unidos. Os dois países estão sem embaixadores desde 2010, quando o então presidente Hugo Chávez expulsou o representante americano sob a acusação de que teria se associado à oposição para desestabilizar o governo.

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