‘Não é possível um piloto desligar todos os sistemas de comunicação’, diz especialista
Para engenheiro que trabalha há 18 anos com a manutenção do modelo Boeing 777, o avião voou sim após sumir do radar


MH370: equipes divulgam novas imagens das áreas de busca
(Reprodução/VEJA/VEJA)
MH370: equipes divulgam novas imagens das áreas de busca
(Reprodução/VEJA/VEJA)
MH370: equipes divulgam novas imagens das áreas de busca
(Reprodução/VEJA/VEJA)
MH370: equipes divulgam novas imagens das áreas de busca
(Reprodução/VEJA/VEJA)
Imagem divulgada nesta sexta-feira (11), mergulhador da Marinha australiana se prepara para começar as buscas pelo voo MH370 no oceano Índico
(Abis Chris Beerens/Defesa Austrália/AFP/VEJA/VEJA)
Mergulhadores trabalham nas buscas pela aeronave desaparecida da Malaysia Airlines
(Força de Defesa Australiana/Reuters/VEJA/VEJA)
Mergulhador trabalha nas buscas pela aeronave desaparecida da Malaysia Airlines
(Força de Defesa Australiana/Reuters/VEJA/VEJA)
Famílias fazem orações durante vigília em praça de Kuala Lumpur, na Malásia, para marcar o aniversário de um mês do desaparecimento do jet MH370, avião da Malaysia Airlines que sumiu no Oceano Índico e até agora não foi encontrado
(Vincent Thian/AP/VEJA/VEJA)
Angus Houston, chefe do grupo que lidera a procura pelo voo 370 da Malaysia Airlines, mostra local onde foram detectados sinais compatíveis com os de caixas-pretas
(AFP/VEJA/VEJA)
Famílias fazem orações durante vigília em praça de Kuala Lumpur, na Malásia, para marcar o aniversário de um mês do desaparecimento do jet MH370, avião da Malaysia Airlines que sumiu no Oceano Índico e até agora não foi encontrado
(AFP/VEJA/VEJA)
Um pedaço de detrito flutua no local onde são realizadas as buscas ao voo desaparecido da Malásia Airlines, ao sul do Oceano Índico
(Rob Griffith/Reuters/VEJA/VEJA)
Objeto avistado por avião da Nova Zelândia no Oceano Índico
(Reuters/VEJA/VEJA)
Mapa divulgado pelo governo da Austrália mostra em destaque, no retângulo amarelo à esquerda, a nova área de buscas pelos destroços do avião da Malaysia Airlines
(Reprodução/AMSA/VEJA/VEJA)
Força Aérea da Austrália sobrevoa o Oceano Índico em busca dos objetos detectados no mar por satélites. Autoridades acreditam que possam ser peças do avião da Malaysia Airlines, desaparecido desde o último dia 8
(Michael Martina/AP/VEJA/VEJA)
Satélite detecta 122 objetos no mar que podem ser do avião da Malásia
(Reuters/VEJA/VEJA)
Parentes de passageiros do avião desaparecido da Malaysia Airlines fazem passeata em Pequim em protesto contra governo malaio
(Kim Kyung-Hoon/Reuters/VEJA/VEJA)
Em Pequim, parentes dos passageiros do voo da Malaysia Airlines MH370 após ouvirem a notícia de que o avião caiu no Oceano Índico
(AFP/VEJA/VEJA)
Mensagem enviada aos parentes por SMS: "A Malaysia Airlines lamenta profundamente ter que admitir acima de qualquer dúvida que o voo MH370 se perdeu e nenhuma das pessoas a bordo sobreviveu. Como vocês ouvirão na próxima hora do primeiro-ministro da Malásia, nós devemos aceitar todas as evidências que sugerem que o avião caiu no sul do oceano Índico"
(Twitter/Reprodução/VEJA/VEJA)
O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, anuncia que o avião da Malaysian Airlines caiu no Oceano Índico
(Edgar Su/Reuters/VEJA/VEJA)
Imagem feita por satélite divulgada pelo governo da Austrália mostra possível destroço do voo MH370 da Malaysia Airlines no Oceano Índico
(Divulgação/AMSA/VEJA/VEJA)
Imagem feita por satélite divulgada pelo governo da Austrália mostra possível destroço do voo MH370 da Malaysia Airlines no Oceano Índico
(Divulgação/AMSA/VEJA/VEJA)
Parente de passageiro a bordo do avião da Malaysia Airlines, desaparecido desde o último sábado (7), espera por notícias no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur
(Damir Sagolj/Reuters/VEJA/VEJA)
Familiares de passageiros do voo MH370 da Malaysia Airlines, desaparecido há mais de uma semana, reclamam da falta de informações e do modo como a situação tem sido conduzida
(Edgar Su/Reuters/VEJA/VEJA)
Familiares de passageiros do voo MH370 da Malaysia Airlines, desaparecido há mais de uma semana, reclamam da falta de informações e do modo como a situação tem sido conduzida
(AP/VEJA/VEJA)
Homem tira foto de desenhos de aviões em homenagem ao voo desaparecido em mural no aeroporto de Kuala Lumpur na Malásia
(Vincent Thian/AP/VEJA/VEJA)
Militares da Indonésia procuram sinais de Boeing 777 da Malaysia Airlines que desapareceu das telas de controle de tráfego aéreo, com 239 pessoas a bordo, pouco depois de decolar
(Chaideer Mahyuddin/AFP/VEJA/VEJA)
Familiares de passageiros do voo MH370 da Malaysia Airlines, desaparecido há mais de uma semana, reclamam da falta de informações e do modo como a situação tem sido conduzida
(Andy Wong/AP/VEJA/VEJA)
Parente de passageiro a bordo do avião da Malaysia Airlines, desaparecido desde o último sábado (7), espera por notícias no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur
(Damir Sagolj/Reuters/VEJA/VEJA)
Militares da Indonésia procuram sinais de Boeing 777 da Malaysia Airlines que desapareceu das telas de controle de tráfego aéreo, com 239 pessoas a bordo, pouco depois de decolar
(Kham/Reuters/VEJA/VEJA)
Estudantes se reúnem em torno de obra de arte tridimensional, baseada no voo 370 da Malaysia Airlines, desaparecido desde 8 de março, pintada em Makati (Filipinas)
(Romeo Ranoco/Reuters/VEJA/VEJA)
Imagens de um satélite chinês mostram destroços que podem ser da aeronave que realizava o voo MH370 da Malaysia Airlines
(Reprodução/PRC/VEJA/VEJA)
Imagens de um satélite chinês mostram destroços que podem ser da aeronave que realizava o voo MH370 da Malaysia Airlines
(Reprodução/PRC/VEJA/VEJA)
Artista mascarado se coloca nesta segunda-feira (17) diante de cartaz no aeroporto de Sepang, em Kuala Lumpur (Malásia), com mensagens de apoio e orações aos passageiros desaparecidos a bordo do voo 370 da Malaysia Airlines
(Manan Vatsyayana/AFP/VEJA/VEJA)
Equipes de busca de vários países utilizam aviões para vasculhar os mares entre a Malásia e Vietnã, à procura de vestígios do Boeing 777 da Malaysia Airlines, que desapareceu das telas de controle de tráfego aéreo, com 239 pessoas a bordo, pouco depois de decolar
(AFP/VEJA/VEJA)
Estudantes chineses acendem velas e rezam pelos passageiros do voo desaparecido da Malaysia Airlines
(Stringer/Reuters/VEJA/VEJA)
Fotos divulgadas pela polícia da Malásia mostram os dois passageiros que embarcaram com passaportes roubados no voo MH370 da Malaysia Airlines
(AFP/VEJA/VEJA)
Parente de passageiro a bordo do avião da Malaysia Airlines, desaparecido desde o último sábado (7), espera por notícias no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur
(Damir Sagolj/Reuters/VEJA/VEJA)
Equipes de busca de vários países utilizam aviões para vasculhar os mares entre a Malásia e Vietnã, à procura de vestígios do Boeing 777 da Malaysia Airlines, que desapareceu das telas de controle de tráfego aéreo, com 239 pessoas a bordo, pouco de pois de decolar
(Athit Perawongmetha/Reuters/VEJA/VEJA)
Familiares de um cidadão indonésio que estava no voo da Malaysia Airlines que desapareceu sobre o Mar do Sul da China, em sua residência em Medan, na Indonésia
(Binsar Bakkara/AP/VEJA/VEJA)
Equipes de resgate da Malásia sobrevoam região onde supostamente desapareceu o avião da Malaysia Airlines transportando 239 passageiros, no Mar da China Meridional
(Malaysian Maritime Enforcement/AFP/VEJA/VEJA)
Mulher chora enquanto fala ao celular em busca de informações de um parente que estava no avião da Malaysia Airlines e desapareceu no Mar da China Meridional, no Aeroporto Internacional de Pequim
(Kim Kyung-Hoon/Reuters/VEJA/VEJA)
Hugh Dunleavy (esq.) e Ignatius Ong representantes da Malaysia Airlines, falam sobre o desaparecimento da aeronave que fazia o voo MH370, de Kuala Lumpur a Pequim durante uma coletiva de imprensa em Pequim, na China
(Lintao Zhang/Getty Images/VEJA/VEJA)
Familiar de passageiros do voo da Malaysia Airlines, que desapareceu no Mar da China Meridional, chora ao telefone no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, na Malásia
(Mohd Rasfan/AFP/VEJA/VEJA)
Familiares choram no aeroporto de Pequim, após receberem a notícia do desaparecimento do avião Malaysia Airlines que fazia o voo de Kuala Lumpur para a capital chinesa transportando 239 pessoas
(Mark Ralston/AFP/VEJA/VEJA)
Familiares buscam informações após desaparecimento do avião Malaysia Airlines que fazia o voo de Kuala Lumpur a Pequim transportando 239 pessoas
(Mohd Rasfan/AFP/VEJA/VEJA)
Painel de informações no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur na Malásia, exibe uma mensagem "Oremos pelo voo MH370". O avião da Malaysia Airlines que transportava 239 passageiros de Kuala Lumpur para Pequim desapareceu no Mar da China Meridional
(Samsul Said/AFP/VEJA/VEJA)
Familiares choram no aeroporto de Pequim, após receberem a notícia do desaparecimento do avião Malaysia Airlines que fazia o voo de Kuala Lumpur para a capital chinesa transportando 239 pessoas
(Manan Vatsyayana/AFP/VEJA/VEJA)
Mulher chora no aeroporto de Pequim , após receber a notícia do desaparecimento do avião Malaysia Airlines que fazia o voo de Kuala Lumpur para a capital chinesa transportando 239 pessoas
(Mark Ralston/AFP/VEJA/VEJA)
Imagem obtida de um avião da Força Aérea do Vietnã mostra um vazamento de óleo é visto a partir na área de busca por um avião Malaysia Airlines que desapareceu na costa vietnamita durante voo de Kuala Lumpur a Pequim
(Trung Hieu/Thanh Nien Newspaper/Reuters/VEJA/VEJA)
O avião desaparecido voou por mais algumas horas após sua última localização revelada, diz Joselito Sousa, engenheiro com mais de 20 anos de experiência em manutenção de aviões e que desde 1996 trabalha com o modelo Boeing 777, o mesmo utilizado no voo MH370 que desapareceu no último sábado com 239 pessoas a bordo. Em entrevista ao site de VEJA, o especialista, que também trabalhou como consultor do Boeing 777 para o desenvolvimento do jogo Flight Simulator, esclareceu dúvidas técnicas que surgiram no decorrer das buscas. Afirmou também que é “praticamente impossível o piloto desligar todas as formas de comunicação da aeronave”, pois muitas são automáticas e independem da ação humana. Para que tais sistemas parassem, o avião teria de ter caído ou explodido no ar. O especialista salienta, contudo, que não é possível saber o que houve de fato – uma vez que não há quaisquer vestígios da aeronave. Ainda segundo Sousa, é praticamente impossível que uma aeronave exploda sem deixar rastros.
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“Há apenas alguns sistemas que ficam sob controle do piloto e podem ser desligados. O transponder [aparelho de identificação das aeronaves que emite um sinal para os radares] é um deles. É possível ficar invisível ao radar. Mas não é possível o piloto desligar o todo sistema que envia informações sobre a situação do avião para outras fontes”. De acordo com Sousa, o envio de dados necessariamente vai para a companhia aérea e, dependendo do contrato da empresa com a fabricante da aeronave, as informações também são enviadas para a Boeing e para a fabricante dos motores. As informações enviadas para as companhias independem da vontade do piloto. Nesta quinta, o Wall Street Journal revelou que o avião teria voado por cerca de quatro horas após sumir dos radares. As autoridades malaias negaram a informação.
O especialista crê que o transponder realmente possa ter sido desligado e isso explica seu último ponto de localização captado pelos radares, sobre o Mar do Sul da China, cerca de uma hora após a decolagem em Kuala Lumpur. E crê também que o avião seguiu voando após o desligamento do aparelho. “Parece-me que não há um comando centralizado para revelar as informações. Então, cada autoridade do país [Malásia] fala o que quer para imprensa. O Wall Street Journal é um jornal extremamente confiável e não teria motivos para inventar uma história dessa gravidade”, afirma Sousa. “Não tenho conhecimento desse desencontro de informações na história da aviação. Nem mesmo no acidente da Air France [em 2009], que foi muito complicado do ponto de vista técnico, tivemos essa confusão de comunicação”, avalia. “Eles [as autoridades malaias] negaram as informações do jornal, mas ampliaram as áreas de busca, numa ação contraditória que nos confunde ainda mais. Está muito difícil acreditar em qualquer coisa”, lamenta.
Além do sistema de identificação pelo transponder, captado pelos chamados radares secundários, há outro sistema de varredura dos céus feita pelos radares primários. De acordo com o Sousa, esse tipo de radar capta tudo o que voa, mas não identifica as imagens com precisão, pois não recebe respostas dos objetos captados. “Esses radares são ultrassensíveis e podem captar até uma revoada de pássaros”, diz. Para diferenciar pássaros de aviões e helicópteros, esses radares calculam a velocidade de deslocamento dos objetos captados e outros dados. Um desses radares primários pode ter captado o avião dirigindo-se para fora da rota, como foi divulgado – e em seguida negado – pelas autoridades malaias.
Explosão no ar e outras hipóteses – O modelo 777 é uma aeronave considerada muito segura, com diversos sistemas redundantes – ou seja, sistemas que se repetem para o caso de algum deles falhar. “Já tivemos um caso de um modelo anterior, um 737, que perdeu parte da cobertura do corpo da aeronave durante o voo. O avião ficou como um carro conversível, mas não caiu e o piloto conseguiu pousar”, diz Sousa. “É tudo tão redundante que é difícil acreditar que um 777 cairia por uma falha técnica ou estrutural”, completa. Ele foi o primeiro avião com tamanho similar ao do Jumbo, mas que voa apenas com dois motores. Por isso, de acordo com o especialista, a Boieng teve de reforçar os sistemas de segurança no modelo para que ele fosse aprovado e homologado para a aviação civil.
“Não dá para o 777 perder todos os sistemas de segurança, a menos que haja uma ação ilícita”. Aí entram as hipóteses de uma bomba detonada a bordo, sequestro da aeronave ou ação intencional dos pilotos. “Porém, o que chama a atenção é que não foi encontrado nenhum vestígio e as aeronaves têm vários componentes que boiam, é praticamente impossível explodir no ar e não deixar rastros”, explica.
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A última mensagem – A tranquilidade da última mensagem de rádio registrada – “Está tudo bem, entendido” – e a ausência de pedidos de socorro não chegam a ser um mistério, diz Sousa. “Se houve algum problema que causou um colapso na aeronave, a primeira preocupação dos pilotos é mantê-la no ar e não falar no rádio”. Para exemplificar, Sousa lembrou que a caixa preta do avião Boeing 737 da Gol, que caiu em 2006 no Mato Grosso após ser atingido por um jato Legacy da Embraer, revelou que os pilotos não conversaram com a torre de comando durante a queda.
Sousa afirma que para haver um acidente com um 777 sem um fator externo – terrorismo, sequestro ou ação deliberada dos pilotos – é preciso três fatores: uma falha humana, uma falha técnica e uma coincidência. “Só uma falha técnica não derruba o avião, pois há vários sistemas redundantes. Só uma falha humana também não á capaz de fazer isso, pois o piloto nunca está sozinho, ele tem ao menos um co-piloto”, diz. “Está difícil acreditar nas autoridades malaias. Segundo eles, o avião não foi para o chão. Também não foi para o mar no local próximo da última localização. Não se desintegrou porque não acharam pedaços. Para eles o avião realmente desapareceu!”, exclama. “Com as informações que eles passaram até agora está muito difícil tirar qualquer conclusão sobre o destino do voo”, finaliza.
O desaparecimento do Boeing 777
Fonte: agência Reuters




















