Na Ucrânia, eleição parlamentar é marcada pelo retrocesso
Organização critica abuso de recursos administrativos, falta de transparência da campanha, financiamento de partidos e desequilíbrio da cobertura da imprensa
As eleições parlamentares da Ucrânia no domingo foram prejudicadas pelo utilização de recursos do estado na campanha e pela falta de transparência sobre como os partidos são financiados, afirmou nesta segunda-feira o grupo de monitoramento internacional Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Segundo a delegação, a cobertura da imprensa também pendeu para o lado do Partido das Regiões (PR), do presidente Viktor Yanukovich, que parece ter garantido a maioria parlamentar na votação.
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“As eleições parlamentares de 28 de outubro foram caracterizadas pela falta de um campo de atuação nivelado, causado essencialmente pelo abuso de recursos administrativos, pela falta de transparência da campanha e do financiamento de partidos e pelo desequilíbrio da cobertura da imprensa”, afirmou o grupo em comunicado. “Certos aspectos do período pré-eleitoral constituíram um passo para trás, comparado às eleições nacionais recentes”, afirmou a OSCE, em uma referência à eleição da Yanukovich em fevereiro de 2010, que foi julgada como justa pelo Ocidente.
Para a OSCE, a impossibilidade de a opositora Yulia Tymoshenko – que está presa – disputar o pleito também “afetou negativamente” o processo eleitoral. De acordo com as pesquisas de boca de urna e os primeiros resultados da votação, o PR ganhou mais da metade dos 450 assentos da Assembleia, depois que o governo aumentou o salário do serviço público e ampliou medidas de bem-estar social para conquistar o voto de eleitores desiludidos em suas tradicionais bases de apoio. O governo enfrentará, no entanto, uma oposição revitalizada pelos nacionalistas ressurgentes e por um partido liberal liderado pelo campeão de boxe Vitaly Klitschko.
Ex-primeira-ministra, Yulia Tymoshenko iniciou uma greve de fome nesta segunda-feira para protestar contra o resultado das eleições. Segundo seu advogado, a ação é um protesto “contra fraude eleitoral”. “Essa não foi uma eleição, foi uma fraude eleitoral total”, disse Serhiy Vlasenko.
Tymoshenko foi condenada, em outubro passado, a sete anos de prisão, por abuso de poder ao forçar a aprovação de um acordo sobre gás com a Rússia em 2009. Ela negou qualquer irregularidade.
(Com agência Reuters)