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Mutilação genital causa efeitos semelhantes ao abuso sexual, diz OMS

Por Da Redação
6 fev 2012, 10h57

Marta Hurtado.

Genebra, 6 jan (EFE).- Uma menina que tenha sofrido mutilação genital terá que encarar graves problemas físicos durante a vida, além de um alto risco de sofrer grandes complicações psicológicas, semelhantes às sofridas por menores vítimas de abusos sexuais.

A médica Elise Johansen, do departamento de Saúde Reprodutiva da Organização Mundial da Saúde (OMS), concedeu uma entrevista à Agência Efe sobre o assunto no Dia Internacional de Tolerância Zero contra a Mutilação Genital Feminina, realizado nesta segunda-feira.

‘Vários estudos destacam o risco de complicações psicológicas a longo prazo, incluindo depressão, estresse pós-traumático, desordens mentais e ansiedade semelhantes aos sofridos pelas as meninas que foram abusadas sexualmente’, afirmou Johansen.

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A médica acrescentou que inclusive as meninas que nunca tiveram uma destas complicações sofreram com dor e com uma violência que obriga a ficarem quietas durante o procedimento da amputação, o que representa um trauma.

‘Mas sobretudo, elas estarão privadas por toda a vida do órgão mais sensível do corpo, o clitóris’, disse Johansen.

A mutilação genital feminina compreende todos os procedimentos cirúrgicos que consistem na extirpação total ou parcial dos genitais externos ou outras intervenções praticadas nos órgãos genitais por motivos culturais e não terapêuticos.

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‘Há pouca pesquisa sobre a mutilação genital feminina e especialmente sobre os riscos imediatos para a saúde, mas levando em conta os dados de hospitais, sabemos que muitas meninas sofrem hemorragias e infecções, que podem levar até a morte’, acrescentou.

Segundo a OMS, o tipo mais comum deste tipo de mutilação é a cisão do clitóris e dos lábios menores (em 80% dos casos), enquanto a mais severa (15%) é a infibulação, que consiste na extirpação do clitóris, dos lábios menores e parte dos maiores, seguida do fechamento vaginal mediante sutura.

As consequências nocivas não acontecem apenas no momento da operação, mas durante o resto da vida. A longo prazo pode dar origem a infertilidade, infecções crônicas, relações sexuais dolorosas, complicações durante a gravidez e o parto, tanto para as mulheres quanto para os recém-nascidos.

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‘Foi comprovado que a mutilação genital aumenta a prevalência de determinados problemas sexuais, incluindo a dor, diminuição do desejo e diminuição do prazer’, disse a médica.

Johansen explicou que, segundo estudos não publicados, 21% das mulheres que padeceram dos tipos I e II da mutilação genital – que consiste na retirada do clitóris e dos lábios, mas não da sutura da vagina – têm hemorragias depois do parto, e entre 15 e 98% têm que ser internadas em hospitais.

‘Além disso, se houve uma mutilação genital, o risco de que a criança nasça com problemas ou morra aumenta consideravelmente. A estimativa é de que entre 1 e 2 crianças em cada 100 morram porque sua mãe foi mutilada na infância’.

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Além de tudo já citado, estatísticas clínicas mostram que a mutilação genital causa outros danos irreparáveis, como o contágio pelo HIV-Aids e a hepatite.

Apesar da crescente conscientização, a cada ano cerca de 3 milhões de meninas e mulheres são vítimas de mutilação genital no mundo, ou seja, 8 mil por dia, e a maior parte destas mutilações são praticadas quando elas têm entre quatro e 12 anos de idade.

‘Em alguns países fazem mais cedo para que as meninas não se lembrem da dor, mas outros países fazem mais tarde porque consideram que as meninas estão mais maduras para assumir a dor’, disse a médica.

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‘Os que operam tarde também fazem como parte de um ritual no qual a dor é parte do objetivo para preparar as meninas para o resto de suas vidas e inscrever em sua memória corporal os riscos e os perigos associados à sexualidade, e portanto esperam que resistam melhor as tentações sexuais’, acrescentou.

Johansen destacou como uma tendência nova e perigosa o apoio que a prática está obtendo por parte de líderes religiosos.

‘Em países como o Egito, Sudão e Mali grupos religiosos estão promovendo a mutilação genital, e chamam aqueles que se opõem de neocolonizadores’.

A estimativa é de que entre 100 e 140 milhões de mulheres no mundo tenham sido vítimas de mutilação genital. EFE

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