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Mulheres chinesas quebram silêncio e #MeToo vira #WoYeShi

Censura imposta pelo regime é o maior obstáculo à divulgação dos relatos das vítimas de violência sexual

Por Diana Lott 10 jan 2018, 00h00

Desde que as acusações de assédio sexual contra o produtor americano Harvey Weinstein deram força ao movimento #MeToo, em outubro do último ano, dezenas de mulheres em todo o mundo usaram a hashtag para compartilhar suas experiências como vítimas de violência sexual. Porém, o silêncio prevaleceu na China, que vive sob um autoritário regime comunista.

“Algumas mulheres vieram a público… mas o que impressiona é que foram muito poucas” disse Leta Hong Fincher, uma especialista no movimento feminista chinês, ao jornal britânico The Guardian. Para ela, a censura imposta pelo governo é o principal motivo para o silêncio das vítimas; a liderança do partido comunista, predominantemente composto de homens, teme a ideia de que seus membros supostamente “intocáveis” possam ser atingidos por campanhas similares à #MeToo.

Fincher acredita que as autoridades ordenaram à imprensa, controlada pelo governo, que evitasse cobrir de forma profunda ou agressiva o assunto. “Há um histórico de preocupação do governo chinês com agitações políticas que ocorrem do lado de fora de suas fronteiras e que afetam sua própria população. Não há dúvidas de que o movimento #MeToo é visto pelas autoridades como uma ameaça em potencial”, afirmou.

Porém, aos poucos mulheres começam a quebrar o silêncio em um país onde estudos sugerem que cerca de 80% das mulheres já foram vítimas de assédio sexual.

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No dia 1º de janeiro, Luo Qianqian publicou uma denúncia online contra o professor que orientou sua tese de doutorado. “Não há mais motivos para ter medo… precisamos nos levantar com coragem e dizer ‘Não’!”, ela escreveu, encorajando outras a virem a público usando a hashtag #WoYeShi, “eu também”, em mandarim. 

Fincher espera que mais vozes surgirão e considera que “apenas a pontinha do iceberg” foi exposta até o momento. “Todas as ativistas que trabalham com esses temas — estupro, assédio sexual e violência doméstica — dirão o mesmo”, afirmou. 

Romper o silêncio na China é mais arriscado do que na Europa ou nas Américas. O regime chinês é conhecido por sua censura dos meios de comunicação e pela perseguição de opositores. Desde que Xi Jinping assumiu o governo em 2012, o governo aumentou a repressão e tem mantido até ativistas moderados na prisão. Em 2015, cinco líderes feministas foram detidas após organizarem uma distribuição de adesivos sobre assédio no transporte público.

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