Varsóvia, 24 nov (EFE).- Danuta Walesa, esposa de Lech Walesa, líder anticomunista polonês e prêmio Nobel da Paz, revela em sua autobiografia publicada nesta quinta-feira a sua solidão a partir do momento em que seu marido assumiu a direção do Sindicato Solidariedade e a Presidência da Polônia.
O livro relata de forma franca a sensação de abandono que Danuta sofreu nos anos 80, quando a oposição anticomunista vivia momentos decisivos às ordens de Lech Walesa, então eletricista nos estaleiros de Gdansk (norte do país).
Naquela época, Danuta criou oito filhos, dos quais era ‘mãe, professora, cozinheira, empregada, enfermeira, uma mulher que não tinha tempo para nada’, confessa em sua autobiografia.
O livro evoca com certa amargura aquele período em que dezenas de políticos, ativistas, jornalistas e ‘vários personagens’ se reuniam clandestinamente por horas no apartamento de Walesa, enquanto Danusa preparava lanches e mantinha a casa em ordem, sede improvisada do movimento anticomunista.
‘A política roubou meu marido e na política não há amigos de verdade’, explica em recente entrevista na televisão pública polonesa.
A esposa de Walesa, que defende que ‘chega um momento na vida onde certas coisas são reveladas’, lamenta que seu marido nunca a tenha surpreendido com um buquê de flores ou um simples detalhe para agradecer seu esforço.
‘Os homens não são muito brilhantes em alguns assuntos’, diz Danuta, que descreve seu marido como ‘um solitário’, uma pessoa ‘introvertida e difícil de conhecer’.
Danuta Walesa, de 62 anos, foi primeira-dama da Polônia entre 1990 e 1995, período em que Lech Walesa se tornou o primeiro presidente eleito democraticamente desde a Segunda Guerra Mundial.
A própria Danuta, nascida em um pequeno povoado do leste da Polônia, também reconhece que nem tudo foram só amarguras. No fim de sua autobiografia ela se diz ‘agradecida por seu destino’, uma vida que ‘não poderia ter imaginado nem em seus sonhos mais surreais’, afirma. EFE