Com agência Reuters
Parlamentares russos pediram ao Kremlin nesta segunda-feira que reconheça as duas regiões rebeldes da Geórgia — medida que, se confirmada, provavelmente piorará as relações com o Ocidente, já abaladas pela intervenção russa no país vizinho.
A câmara alta do Parlamento, ou Conselho Federal, aprovou por 130 votos a zero uma resolução não-obrigatória que pede ao presidente Dmitry Medvedev que reconheça as regiões separatistas da Abkházia e da Ossétia do Sul como independentes.
Geórgia e Rússia se enfrentaram neste mês pelo controle da Ossétia do Sul, depois que Tbilisi mandou tropas à região para tentar recuperá-la à força. A ofensiva provocou um rápido e imenso contra-ataque por terra, mar e ar por parte da Rússia.
“Hoje, está claro que, depois da agressão da Geórgia contra a Ossétia do Sul, as relações da Geórgia com a Ossétia do Sul e com a Abkházia não podem voltar ao antigo estado”, disse o líder do Conselho Federal, Sergei Mironov, durante o debate.
Segundo Mironov, “as pessoas da Ossétia do Sul e da Abkházia têm o direito de obter a independência”. A câmara baixa, ou Duma, deveria aprovar uma resolução similar ainda nesta segunda. O Kremlin ainda não se pronunciou oficialmente sobre o tema.
Reunião – As resoluções podem ajudar Medvedev a endurecer sua posição nas negociações com o Ocidente sobre o status das forças russas na Geórgia. A França, que detém a Presidência rotativa da União Européia, tenta mediar uma solução.
O governo francês pediu uma reunião de líderes do bloco no dia 1º de setembro, a fim de discutir a crise e rever as relações do bloco com a Rússia. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, mediou um cessar-fogo para terminar o conflito que matou centenas.
Já a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que as relações com a Rússia serão prejudicadas caso Moscou não retire suas tropas totalmente da Geórgia. Mas o ministro das Relações Exteriores francês, Bernard Kouchner, foi mais cuidadoso.
“Não estamos falando de sanções”, disse Kouchner à rádio Inter, da França. “Obter um cessar-fogo, parar as hostilidades e forçar a retirada das tropas em oito dias. Isso já é bastante. Teremos de fazer uma análise melhor da situação”, explicou.