Nicósia, 13 jan (EFE).- O fundador da República Turca do Chipre, Rauf Denktash, morreu nesta sexta-feira aos 88 anos em um hospital de Nicósia, capital e maior cidade da ilha cipriota, informaram fontes médicas.
Denktash, que foi durante anos presidente do país reconhecido apenas pela Turquia, morreu às 22h locais (18h de Brasília) por falência múltipla dos órgãos.
O antigo líder turco-cipriota foi hospitalizado nesta semana por problemas de desidratação e, em maio passado, já tinha sido internado em estado crítico, após sofrer um derrame cerebral.
Advogado de profissão formado em Londres, Denktash começou a representar a comunidade turca no Chipre em 1948, durante o Governo colonial britânico, quando foi eleito para dirigir o Comitê Consultivo destinado a conseguir a independência da ilha.
Participou durante 50 anos da política desta ilha mediterrânea e foi um dos principais protagonistas no conflito do Chipre, dividido desde julho de 1974, após o Exército turco invadir sua parte setentrional.
Em 1983 foi nomeado o primeiro presidente da autoproclamada república, cargo que manteve até 2005. Era considerado um herói pelos habitantes da parte turca ocupada, enquanto os greco-cipriotas o viam como um obstáculo para a reunificação.
Nasceu na cidade de Paphos e após trabalhar como tradutor em Famagusta, mudou-se para Londres, onde foi professor e estudou Direito. Formou-se como advogado em 1947 e retornou ao Chipre.
No final dos anos 1950 ajudou a formar a resistência turca com o grupo paramilitar TMT que fundou para combater a organização terrorista greco-cipriota EOKA e evitar a anexação da ilha à Grécia.
Em 1973 se perfilou como dirigente dos turco-cipriotas no território nortista do Chipre, um ano antes de o Exército turco invadir a ilha para mantê-la ocupada até o momento.
Nas eleições parlamentares do final de 2003 sofreu um duro golpe ao comprovar que metade dos eleitores aprovava um plano da ONU que favorecia um ingresso do norte à União Europeia, uma ideia que ele rejeitou, contra a vontade da população de sua própria região.
No ano seguinte, anunciou que não se apresentaria à nova eleição como presidente do Estado só reconhecido por Ancara, após ter sofrido fortes perdas no pleito legislativo de dezembro de 2003.
O dirigente renunciou a um quinto mandato presidencial e abriu passagem em abril de 2005 a seu sucessor, Mehmet Ali Talat. EFE