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Morales abre nova frente diplomática após concessão de asilo a opositor pelo Brasil

Por Por José Arturo Cárdenas
15 jun 2012, 18h52

A concessão de asilo político pelo Brasil a um líder opositor boliviano, com as consequentes divergências bilaterais, representou a abertura de outra frente diplomática para o presidente boliviano, Evo Morales, às voltas com uma antiga disputa com o Chile pela exigência de uma saída para o mar.

O presidente Morales classificou nos últimos dias de “um desatino” e um “equívoco” o asilo concedido há uma semana pelo Brasil ao senador de direita Roger Pinto, depois que este alegou perseguição política por denunciar a proteção dos círculos oficiais ao narcotráfico.

Pinto, que está na embaixada brasileira em La Paz desde 29 de maio, espera um salvo-conduto para sair do país, um procedimento que o governo de Morales não pretende agilizar, pois argumenta que o senador cometeu crimes, como violação dos direitos humanos e desvio de recursos públicos.

O chanceler David Choquehuanca disse inclusive que “é possível” que o Itamaraty revise sua decisão, após enviar a seu colega Antonio Patriota “os antecedentes” judiciais do senador.

No caso do diferendo com o Chile, a Bolívia endureceu sua posição de demanda por uma saída para o mar, durante e depois da 42ª Assembleia da OEA realizada no início do mês no povoado boliviano de Tiquipaya, onde La Paz pediu a revisão do tratado de 1904, que definiu os limites bilaterais.

Morales não poupou comentários e disse que esse acordo “está morto”, o que fez com que o chanceler chileno, Alfredo Moreno, pedisse a ele para “falar menos” pela imprensa e trabalhar mais em uma negociação bilateral.

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Moreno disse nesta sexta-feira em Santiago que “continua nas mãos do governo da Bolívia definir qual é o caminho pelo qual quer transitar”.

“O presidente Morales, em uma audácia incomum, está seguindo caminhos inexplorados, porque está tocando em temas tabu na Bolívia, como pedir a revisão do tratado de 1904 ou criticar um asilo, como o do senador Pinto”, explicou à AFP o professor universitário Carlos Cordero.

“Está gerando críticas internas, mas setores populares e boa parte da população veem com bons olhos o que o presidente faz, porque como no caso do mar, as pessoas estão vendo que o presidente está brigando”, considerou.

A centenária aspiração boliviana é recuperar sua saída para o mar, perdida em uma guerra contra o Chile em 1879. Santiago, por outro lado, sustenta que não têm assuntos pendentes com a Bolívia e que sua extensão territorial não será modificada.

Em relação à divergência com o Brasil, Cordero afirmou que a situação melhorará no curto prazo, pois as relações diplomáticas entre os dois países superam em muito este conflito.

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Entretanto, o governista Movimento Ao Socialismo (MAS), liderado por Morales, pediu que a chancelaria negue o salvo-conduto para o senador direitista Pinto, com o argumento de que tem julgamentos pendentes no país.

O líder do bloco governista na Câmara Baixa, Roberto Rojas, anunciou que realizará “um pedido oficial para que o poder Executivo, através da chancelaria, não dê o salvo-conduto ao senador Pinto”.

Marcelo Ostria Trigo, ex-embaixador da Bolívia na OEA, afirmou pelo contrário que se a Bolívia negar a saída do legislador, sua imagem será afetada.

“Questionar o asilo ao senador Pinto, negar ou retardar o salvo-conduto exporiam o país a um maior descrédito que, do jeito como estão as coisas, é o que menos se necessita”, afirmou o diplomata e advogado em sua habitual coluna de opinião na imprensa.

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