Ministro da Saúde paraguaio renuncia após crise por falta de medicamentos
Jorge Mazzoleni é o último de uma série de demissões na pasta na América do Sul, que já atingiu Brasil, Argentina, Chile e Peru
O ministro da Saúde do Paraguai, Jorge Mazzoleni, renunciou ao cargo nesta sexta-feira, 5, após encontro com o presidente, Mario Abdo Benítez. Ele deixará o cargo em meio a uma crise provocada pela falta de medicamentos nos lotados hospitais públicos do país e às críticas pela gestão na pandemia do novo coronavírus.
Na quinta-feira, o Senado entrou com um pedido formal para que Mazzoleni renunciasse, em um momento que o país vive uma onda de protestos de profissionais de saúde e parentes de pessoas internadas com a Covid-19, pela falta de remédios e insumos. De acordo com informações divulgadas pelo Gabinete da Presidência do Paraguai, o vice-ministro Julio Borba seguirá como ministro interino da Saúde, até a escolha de um sucessor.
Além disso, o trabalho do Ministério foi contestado diante da demora da chegada das vacinas no Paraguai, que até agora se limitam a 4.000 doses da russa Sputnik V, que já foram aplicadas em profissionais da saúde.
“Decidimos em conjunto que eu deixo o cargo do Ministério da Saúde Pública para que possamos gerar a paz necessária para enfrentar este desafio. Tomara que essa decisão sirva para a união do país”, disse o ex-ministro em declaração exibida pela TV estatal paraguaia.
Mazzoleni admitiu na última quinta-feira, que não poderia das as datas exatas para a chegada de mais de meio milhão de doses do agente imunizante da Rússia, além de 4,3 milhões de doses que chegarão através do consórcio Covax, criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com o anúncio, o paraguaio se junta a uma extensa lista de ministros da Saúde que deixaram seus cargos durante a pandemia na América do Sul. No Brasil, Eduardo Pazuello já é o terceiro a ocupar a posição desde o surgimento da Covid-19, após longo período com o cargo vago. No Chile, Jaime Manalich foi substituído por Oscar Enrique Paris.
Na Argentina, Ginés González García deixou a pasta após um escândalo apelido de “lista vip”, no qual políticos e amigos do ministro furaram a fila de prioridade estabelecida pelo governo federal para a vacinação contra o vírus. Em uma situação semelhante, mais de 100 membros do governo peruano foram imunizados em segredo juntamente com familiares e outros convidados, incluindo o ex-presidente Martín Vizcarra.
O Paraguai passava pela pandemia com números controlados devido a um forte isolamento social e fechamento de fronteiras. No entanto, o aumento de casos diários nos últimos dias expôs o seu fraco sistema de saúde. Ao todo, o país soma 164.310 pessoas casos, incluindo 3.256 mortes.