Militares endurecem perseguição a opositores na Tailândia
Junta que tomou o poder no país intima mais 35 políticos e intelectuais da oposição. Ex-primeira-ministra, Yingluck Shinawatra permanece sob custódia
A junta militar que tomou o poder na Tailândia intimou neste sábado 35 políticos e intelectuais favoráveis à democracia a comparecer diante das novas autoridades do país. A convocação, mais um sinal do endurecimento da perseguição aos críticos do golpe, acontece um dia depois que a ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra foi colocada sob custódia pelos militares.
Segundo o jornal local Bangkok Post, entre os intimados estão diversos professores universitários, como Worachet Pakeerut e Sawatri Suksri, membros de um coletivo que defende a reforma na lei que pune com até 15 anos de prisão crimes de difamação contra a Casa Real. Na sexta-feira, o governo militar já havia intimado 150 políticos e ativistas a se apresentarem às autoridades. Entre os convocados estava a ex-premiê Yingluck Shinawatra, além de 22 membros de seu clã familiar e aliados políticos. Shinawatra se apresentou no mesmo dia e está detida desde então. Um militar ouvido pela rede BBC afirmou que ela deve ficar detida por até uma semana.
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Desde o golpe de Estado, na quinata-feira, a junta militar suspendeu a Constituição, salvo as disposições referentes ao Rei, decretou o toque de recolher durante a noite e proibiu as reuniões públicas. Também estabeleceu a censura à imprensa, com o fechamento de emissoras de rádio e televisão, e começou a bloquear sites críticos como o da Human Rights Watch, de acordo com uma denúncia feita no Twitter pelo representante da organização no país.
Apesar da proibição de manifestações no país, centenas de tailandeses se reuniram em um centro comercial para protestar contra o golpe. Sem apelar por enquanto para o uso da força, policiais tentaram dispersar a manifestação, mas não conseguiram.
Protestos – O golpe militar pôs fim a oito meses de manifestações antigovernamentais que deixaram 28 mortos e mais de 800 feridos e forçaram à deposição da primeira-ministra Yingluck Shinawatra, cujo cargo era ocupado interinamente pelo ministro das até os militares tomarem o poder. A Tailândia tem um histórico de golpes de Estado desde a queda da monarquia absolutista em 1932 – foram dezenove tentativas de romper a ordem constitucional, sete delas frustradas.
O último golpe ocorreu em 2006, quando o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, irmão da primiê Yingluck, foi deposto também em um contexto de grandes manifestações. Os golpistas de então revogaram a Constituição e redigiram outra, que foi aprovada em um referendo. Em seguida, realizaram eleições no final de 2007.
(Com agência EFE)