Militares de Mianmar bloqueiam internet após golpe de Estado no país
Novo governo quer evitar a circulação de informações sobre os protestos que estão tomando o país
O golpe militar em Mianmar, que ocorreu na última segunda-feira, 1º, está recrudescendo. Após prender a política Aung San Suu Kyi, vencedora do Nobel da Paz em 1991, e o presidente do país, Win Myint, os militares bloquearam o acesso à internet neste sábado, 6, para evitar que informações sobre os protestos que estão tomando o país vazem para o exterior.
As Forças Armadas derrubaram o governo com o argumento de que nada foi feito a respeito das denúncias de fraude nas eleições de novembro, feitas pelos próprios militares.
Organizações da Sociedade Civil do país e a Anistia Internacional denunciaram o governo, que também bloqueou a conexão à internet por meio de telefones celulares. Redes sociais como Instagram, Twitter e Facebook, já haviam sido barradas, segundo o Human Right Watch.
Mesmo com o bloqueio da internet, informações sobre os protestos foram noticiadas pela imprensa do Sudeste Asiático, que relatou que os manifestantes bloquearam ruas na capital Naipyidó e em Rangoon, maior cidade do país. “Abaixo a ditadura militar”, gritavam os ativistas, agitando bandeiras vermelhas com as cores da Liga Nacional para a Democracia, partido de Suu Kyi, que estava no poder desde 2015, informou a agência de notícias France-Presse.
Imagens de pessoas com os braços levantados e três dedos levantados também foram divulgadas, uma saudação que se tornou um sinal de rebelião na Ásia e foi replicada em outros protestos, como os contra a monarquia na Tailândia. O atual chefe do Exército, general Min Aung Hlaing, que enfrenta denúncias de genocídio em tribunais argentinos, autoproclamou-se líder por um ano e depois realizou eleições que considerou “livres e justas”. Assim, encerrou-se uma década de governos civis que assumiram após quase meio século de ditadura em um país que tem uma longa história de conflitos étnicos desde sua independência do Reino Unido em 1948.
A Organização das Nações Unidas (ONU) teve o primeiro contato com os militares de Myanmar na sexta-feira, informou o secretário-geral Antonio Guterres, que insistiu no apelo para que os líderes civis fossem libertados e exigiu que a comunidade internacional se unisse para condenar a situação. O Conselho de Segurança da ONU aprovou uma declaração conjunta pedindo a libertação dos detidos, mas não condenou formalmente o golpe.
(Com Agência Brasil)