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Militares chilenos são detidos por morte do pai da ex-presidente Bachelet

Por Da Redação
17 jul 2012, 17h09

Dois coronéis da reserva chilenos foram detidos por ordem judicial nesta terça-feira acusados pela morte causada por torturas de Alberto Bachelet, pai da ex-presidente Michelle Bachelet, que morreu na prisão durante a ditadura de Augusto Pinochet.

Os coronéis da reserva da Força Aérea do Chile Ramón Cáceres e Edgar Ceballos serão julgados pelo “crime de torturas com resultado de morte”, indicou a decisão emitida nesta terça-feira pelo juiz Mario Carroza, que investiga a morte do general Alberto Bachelet.

“Despache-se a ordem de apreensão contra os processados”, acrescentou a ordem judicial.

Os dois ex-chefes militares foram informados da decisão judicial, detidos pela brigada de Direitos Humanos da Polícia de Investigações de Chile e transferidos para a base aérea de El Bosque, em Santiago.

Alberto Bachelet foi preso após o golpe militar que instaurou a ditadura de Pinochet (1973-1990) no dia 11 de setembro de 1973, e foi submetido a um Conselho de Guerra acusado de traição à pátria por integrar o gabinete do presidente socialista derrubado Salvador Allende.

O general foi mantido na prisão até a sua morte, em 12 de março de 1974, vítima de uma parada cardíaca na penitenciária pública de Santiago, aos 51 anos, quando seu estado de saúde já estava muito degradado, de acordo com testemunhos da época.

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No entanto, Carroza, que iniciou a investigação sobre a morte de Bachelet em agosto de 2011, revelou em junho passado uma perícia realizada pelo Serviço Médico Legal (SML) indicando que Alberto Bachelet foi torturado durante interrogatórios que agravaram os problemas que tinha no coração, o que resultou em sua morte.

As torturas foram infligidas na Academia de Guerra Aérea, para onde havia sido levado em várias ocasiões durante o período que passou na prisão e onde os ex-coronéis Cáceres e Ceballos mantinham sob custódia presos a quem infligiam “tratamentos cruéis, desumanos e degradantes”, indicou a decisão do juiz Carroza.

Segundo o magistrado, durante o último interrogatório ao qual Alberto Bachelet foi submetido na Academia de Guerra foram aplicadas torturas que causaram o ataque cardíaco que ele sofreu.

“Existe uma relação direta entre a morte da vítima e seu último interrogatório, já que isso causou uma descompensação de sua patologia cardíaca, secundária em um estado de estresse físico e mental anteriores”, ressaltou a decisão judicial.

No final de 2005, a Justiça chilena encerrou sem dar uma sentença uma investigação que buscava esclarecer a legalidade do Conselho de Guerra, e na qual também foram investigados Cáceres e Ceballos.

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Como parte de sua investigação, o juiz Carroza também recebeu depoimentos reservados da ex-presidente Michelle Bachelet (2006-2010) e de sua mãe, Angela Jeria, que se mostrou tranquila após o anúncio da decisão nesta terça.

“Agora neste país se pode esperar que a justiça cumpra seu papel. Há muitas pessoas que morreram e que sequer tiveram as causas de suas mortes investigadas”, disse a viúva de Alberto Bachelet.

O advogado da família Bachelet, Isidro Solis, anunciou que ela apresentará uma queixa criminal contra os dois ex-coronéis acusados.

Michelle Bachelet, hoje diretora executiva da ONU Mulheres, e sua mãe, também ficaram detidas em centros de tortura em 1975, tema sobre o qual a ex-mandatária nunca fez referências públicas.

A investigação sobre a morte do general Bachelet fez parte de uma série de investigações abertas recentemente pela justiça chilena relacionadas com as mortes de mil vítimas da ditadura que até agora não tinham sido esclarecidas.

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A ditadura de Pinochet, que chegou ao fim no dia 11 de março de 1990, deixou um registro de mais de 3.000 mortos, e outras 37.000 vítimas presas e torturadas.

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