Dacar, 27 jan (EFE).- Milhares de pessoas saíram às ruas nesta sexta-feira em Dacar para expressar oposição à candidatura do presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, às eleições gerais do dia 26 de fevereiro, pois a consideram inconstitucional.
A manifestação ocorreu à espera de o Conselho Constitucional, máxima instância judicial do país, publicar nesta sexta-feira a lista de candidatos que finalmente concorrerão ao pleito, um dia após finalizar o registro das chapas eleitorais.
De acordo com as palavras de ordem do opositor Movimento 23 de Junho (M23), milhares de cidadãos, entre eles vários candidatos presidenciais opositores, se concentraram na simbólica Praça do Obelisco, onde se celebra a cada 4 de abril o desfile militar do aniversário da independência do Senegal.
A oposição ameaça impedir ‘custe o que custar’ a candidatura de Wade e pretende transformar o local em uma Praça Tahrir, referindo-se ao espaço no Cairo que abrigou os protestos que provocaram a queda do presidente egípcio, Hosni Mubarak.
‘Chegou a hora de demonstrar a Wade que o povo é o único soberano’, disse Cheikh Bamba Dieye, um dos candidatos presidenciais, que pediu aos senegaleses que compareçam em massa à manifestação, qualificada por eles como ‘histórica’.
Dieye, no entanto, se mostrou convencido de que, seja qual for a decisão do Conselho Constitucional, Wade não participará das eleições de fevereiro.
Quem também participou da concentração foi o cantor senegalês Youssou Ndour, outro dos candidatos ao pleito, que chegou à Praça do Obelisco acompanhado por centenas de seus seguidores.
A manifestação foi autorizada pelo Ministério do Interior, que suspendeu a proibição de manifestações entre esta quinta-feira e a próxima segunda-feira.
A seus 85 anos, Wade, que chegou ao poder em 2000 depois de 26 anos na oposição, pretende seguir no cargo – após ter sido reeleito em 2007.
A oposição e várias organizações da sociedade civil consideram que a candidatura de Wade viola a Constituição adotada em 2001, que limita a dois o número de mandatos presidenciais. Mas Wade (se reeleito em fevereiro, começaria seu terceiro mandato) alega que a lei sobre a limitação a dois mandatos foi adotada um ano depois do início de sua eleição, em 2000.
O presidente senegalês se defende dizendo que esta lei não tem efeito retroativo, por isso não pode ser aplicada. Ele se mostra convencido de que nada impedirá sua participação no pleito, confiante de que receberá sinal verde do Conselho Constitucional.
A oposição ameaça impedir a candidatura, mesmo que autorizada pelo Conselho Constitucional, um tribunal formado por cinco juízes, todos eles nomeados por Wade – o que leva os opositores a duvidarem da imparcialidade da corte.
As forças de segurança foram destacadas pelas ruas de Dacar para prevenir possíveis atos de violência durante a manifestação. A sede do Conselho Constitucional está rodeada de policiais. EFE