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‘Meu iPod não funciona mais. Preciso voltar’, diz jihadista francês na Síria

Jornal 'Le Figaro' publicou mensagens de combatentes franceses recrutados pelo Estado Islâmico que querem voltar para casa

Por Da Redação
2 dez 2014, 18h36

Uma série de mensagens enviadas por jihadistas franceses para seus parentes retrata a miséria e a violência que marca o cotidiano de jovens europeus recrutados pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI), assim como a ingenuidade daqueles que viajaram para combater na Síria. As mensagens, publicadas pelo jornal Le Figaro, contêm ainda pedidos de ajuda e várias queixas banais. “Estou de saco cheio. Meu iPod não funciona mais. Preciso voltar!”, disse um dos mais de 300 franceses que estão na Síria. A maioria deles tem entre 17 e 23 anos.

Outros reclamam que esperavam combater numa “guerra santa”, mas acabaram sendo relegados ao papel de meros empregados de jihadistas veteranos. “Eu não faço nada, exceto entregar roupas e comidas”, diz um deles. “Eu também ajudei a limpar algumas armas e a transportar corpos de combatentes mortos. O inverno está chegando aqui. Está começando a ficar difícil”. Outro jihadista é mais específico em suas queixas. “Não aguento mais. Eles me fazem lavar a louça!”. Outro aponta uma queixa mais desesperada: “Eles querem me enviar para a frente de combate, mas eu não sei lutar”.

Em comum, as mensagens divulgadas pelo jornal têm indícios de arrependimento por parte dos jihadistas e pedidos de conselhos sobre como voltar à França. “Se eu voltar à França, o que vai acontecer comigo? Posso evitar a prisão? O que devo fazer em troca?”, questiona um jovem para sua família. Outro pergunta se o seu bebê, nascido na Síria, terá direito à nacionalidade francesa.

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Aproveitando a divulgação das mensagens, o Le Figaro levantou a questão sobre a possibilidade desses franceses voltarem para casa. A França, assim como outros países europeus, tem imposto uma série de medidas para dificultar a saída e o retorno de cidadãos que se juntaram ao Estado Islâmico e outros grupos radicais no exterior, como o confisco de passaportes e processos na Justiça. De acordo com o jornal, advogados das famílias dos jihadistas na França estão se organizando para tentar encontrar uma solução para o retorno de “arrependidos”.

“Todos sabem que quanto mais tempo essas pessoas ficarem lá, pior vai ser porque ao ficar assistindo ou cometendo atrocidades eles vão se transformar em bombas-relógio”, disse um advogado citado pelo jornal. A questão, no entanto, esbarra em uma série de dificuldades. “Nenhum político vai assumir o risco. Imagine se um desses ex-jihadistas se envolver em algum ataque no futuro?”, ele admite.

De acordo com o jornal, os advogados, cientes dessas dificuldades, estão tentando uma abordagem mais discreta, como a divulgação dessas mensagens para conquistar simpatia da Justiça e atestar “arrependimento”. Outra estratégia é fazer contatos com a polícia antiterrorismo da França e o gabinete do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. De acordo com a publicação, apesar de não oficial, o conselho das autoridades tem sido recomendar aos candidatos franceses à deserção do EI que eles se apresentem aos consulados do país na Turquia para que a sua situação seja avaliada. Até o momento, cem jihadistas voltaram à França. Destes, 76 foram enviados para a prisão. O restante é mantido sob vigilância.

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