Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Merkel vence eleições, mas é ofuscada por avanço da ultradireita

Conservadores alemães ganharam, mas se viram enfraquecidos pelo avanço histórico da ultradireita e pela dificuldade para formar uma aliança de governo

Por Da redação
Atualizado em 25 set 2017, 17h18 - Publicado em 25 set 2017, 08h01

Angela Merkel e os conservadores alemães ganharam as eleições deste domingo, mas se viram enfraquecidos pelo avanço histórico da ultradireita e pela dificuldade para formar uma aliança de governo.

“Terremoto eleitoral”, resumiu o jornal Bild em sua página na internet, mostrando que, com 32,9% dos votos apurados, a CDU-CSU registrou “seu pior resultado desde 1949” e que os social-democratas do SPD (20,8%) “obtiveram seu pior resultado de todos os tempos”, enquanto os ultradireitistas do AfD (13%) se impuseram como “terceira força política” do país.

Merkel, no poder há doze anos e três mandatos, admitiu que esperava um “melhor resultado”, e advertiu que a entrada da ultradireita no Parlamento impõe um “novo desafio”.

O presidente francês Emmanuel Macron felicitou Merkel pela vitória e disse que isso lhe permitirá continuar “com determinação” sua “cooperação essencial” com Berlim.

A chanceler terá que buscar pela quarta vez um ou vários parceiros para formar seu próximo governo, já que os social-democratas anunciaram que não voltarão a governar com os conservadores.

Continua após a publicidade

O grande perdedor das eleições foi Martin Schulz, líder do SPD, que lamentou um “dia difícil e amargo para a social-democracia”.

Ainda não se sabe como será partilha dos cerca de 700 assentos, em razão da complexidade do sistema de votação alemão. Mas uma coisa é certa: a única maioria que Merkel pode esperar passa por uma aliança com os liberais do FDP e com os Verdes.

O principal obstáculo dessa opção está no fato de ambos os partidos defenderem posições opostas em diversos temas, como a imigração e o diesel.

As negociações poderão durar até o fim do ano, e Merkel não será nomeada chanceler até que forme uma nova maioria. Além disso, Merkel descartou qualquer governo que se apoie em maiorias flutuantes.

Continua após a publicidade

Manifestações

A vitória de Merkel foi ofuscada pelo histórico avanço da ultradireita do AfD, que conseguiu cerca de 13% dos votos, segundo as pesquisas de boca de urna.

“Vamos mudar este país […] Vamos expulsar a senhora Merkel. Vamos recuperar nosso país”, lançou Alexander Gauland, um dos líderes do AfD.

A líder da extrema direita francesa Marine Le Pen saudou do país vizinho seus “aliados da AfD por este resultado histórico”, que representa, segundo ela “um despertar dos povos”.

Continua após a publicidade

Será a primeira vez desde 1945 que um partido revisionista e contrário ao Islã, às elites, ao euro e à imigração entra na câmara dos deputados alemã.

O AfD ficou à frente da esquerda radical de Die Linke (9%), dos liberais do FDP (10%) e dos Verdes (9%).

Nas regiões da antiga Alemanha oriental, os nacionalistas chegaram a se impor como segunda força, com 22,8% dos votos, atrás da CDU (28,6%).

Várias cidades alemãs foram cenário de protestos espontâneos anti-AfD, começando por Berlim, onde centenas de pessoas, custodiadas pela polícia, se concentraram em frente ao local onde o partido comemorava os resultados.

Continua após a publicidade

Comunidade judia preocupada

A AfD avançou vários pontos ao final da campanha, apesar de ter radicalizado seu discurso e de ter pedido aos cidadãos que se sintam orgulhosos dos feitos dos soldados alemães durante a II Guerra Mundial. Algo nunca visto em um país cuja identidade desde o final da guerra foi construída com base no arrependimento pelo nazismo e na rejeição ao extremismo.

A comunidade judaica denunciou o programa “infame” do AfD, que quer pôr fim ao arrependimento alemão pelos crimes nazistas. “Voltam os fantasmas do passado”, alertou a revista semanal Der Spiegel.

Durante a campanha, o partido chegou a dizer, entre outras coisas, que a Alemanha se tornou “refúgio de criminosos terroristas do mundo inteiro”, além de denunciar a “traição” de Merkel, de 63 anos, por ter aberto as portas em 2015 a centenas de milhares de solicitantes de refúgio, na maioria muçulmanos.

Neste contexto, Merkel terá que dialogar com seus aliados bávaros da CSU e a ala mais conservadora da CDU, que pediram reiteradamente à chanceler que escutasse seus militantes da ala mais radical, que a acusam de ser muito centralizadora.

Continua após a publicidade

” Nõs nos descuidamos de nossa ala direita e agora teremos que preencher o vazio com posições mais claras”, declarou o chefe da CSU, Horst Seehofer.

O AfD “é competência da união [cristã-democrata] e da família conservadora em geral […] se abre um período muito difícil para a chanceler”, explicou Lothar Probst, cientista político da Universidade de Bremen.

(Com agência France Presse)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.