Merkel tenta diminuir divisão interna em primeira reunião da coalizão
Bloco está marcado por tensões e episódios polêmicos
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, abriu nesta terça-feira o primeiro encontro da nova grande coalizão de governo no palácio de Meserberg, oeste do país, uma reunião que se encerra amanhã e promete ser marcada por tensões internas.
A expectativa é que os líderes dos partidos tentem passar mensagens de coesão para o bloco, formado pela legenda conservadora de Merkel e o Partido Social-Democrata (SPD), após reiterados episódios de discordância entre os dois aliados.
O secretário-geral do SPD, Lars Klingbeil, afirmou recentemente que as divergências partiram da ala mais à direita dos conservadores, que teriam promovido propostas não apoiadas pela grande coalizão governista. Para ele, falta “espírito de equipe”.
Mas as declarações mais polêmicas foram feitas pelo líder da União Social-Cristã da Baviera (CSU) e ministro do Interior do país, Horst Seehofer, que afirmou que o Islã não faz parte da Alemanha. A própria Merkel se distanciou do ministro desde então.
Outra polêmica foi causada pelo ministro de Saúde, Jens Spahn, representante da ala mais direitista da União Democrata-Cristã (CDU), o partido de Merkel. O ministro questionou os valores pagos a desempregados e a beneficiários de programas sociais.
A realização do Conselho de Ministros ocorre em formato de conclave e de forma regular. O encontro é marcado exatamente para discutir temas mais espinhosos ou tentar promover propostas-chaves do governo.
Participarão da reunião os 15 ministros do atual governo – seis do CDU, seis do SDP e três da CSU. Eles tentarão traçar o programa de trabalho do governo para os próximos seis meses.
O vice-chanceler e ministro de Finanças, o social-democrata Olaf Scholz, deve apresentar um primeiro esboço do orçamento federal. A previsão é que o governo mantenha o objetivo do déficit zero, como vem acontecendo desde 2014.
A coalizão foi formada depois de meses de negociações. Na eleição de 24 de setembro do ano passado, o partido de Merkel foi vitorioso, mas não obteve maioria absoluta no Parlamento alemão. A tentativa da chanceler de formar um governo com dois partidos menores fracassou em novembro. O então líder do SPD, Martin Schulz, inicialmente descartou renovar a coalizão com a chanceler, mas depois mudou de ideia e passou a negociar com os conservadores.
(Com EFE)