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Menino de 4 anos está na lista de 18 mortos durante protestos no Chile

Manifestantes desconsideram mea-culpa e medidas anunciadas pelo presidente Sebastián Piñera e voltam às ruas pelo sexto dia

Por Da Redação
Atualizado em 23 out 2019, 17h02 - Publicado em 23 out 2019, 16h56

Um menino de quatro anos de idade e um adulto foram atropelados e mortos durante o toque de recolher em San Pedro de La Paz, no Chile, na noite de terça-feira 22. Outro adulto foi morto depois de ser agredido pela polícia chilena em Santiago. No sexto dia de protestos contra o governo do presidente Sebastián Piñera, o total de vítimas fatais chega a 18, segundo balanço divulgado nesta quarta-feira, 23, pelo Ministério do Interior.

Segundo o jornal argentino La Nación, as duas vítimas do atropelamento eram moradores da Vila dos Escritores e participavam de um protesto no quilômetro 13,5 da Rodovia 160. O motorista acelerou antes de atingi-los. Enquanto os feridos eram socorridos, os demais manifestantes golpearam e destroçaram o carro. O motorista livrou-se de um linchamento ao ser preso pela polícia, que constatou em teste que seu nível alcoólico era o triplo do limite tolerado.

Nessa mesma noite de terça-feira, Piñera fez um mea-culpa durante discurso no Palácio de La Moneda, sede do governo chileno. “Esta situação de desigualdade, de abusos, significou uma expressão genuína, autêntica de milhões e milhões de chilenos. Reconheço esta falta de visão e peço perdão aos meus compatriotas”, afirmou. “Hoje todos vamos ter de mudar nossa forma de atuar e nossas prioridades para enfrentar esta demanda tão legítima de nossos compatriotas”, completou.

O pedido de desculpas do presidente chileno não surtiu o efeito esperado. Milhares de pessoas protestam pelas ruas de Santiago e por outras cidades do Chile nesta quarta-feira, pelo sexto dia consecutivo. Barricadas e incêndios foram usados pelos manifestantes diante das forças de segurança em Valparaíso.

O estopim do movimento foi aumento de 3,75% do preço da tarifa de metrô da capital. A suspensão da medida e o anúncio de um pacote social e político – melhoria das aposentadorias dos mais pobres, recuo da elevação das contas de luz, complementação do salário mínimo, criação de um seguro para a compra de remédios, alto de impostos sobre setores com maior renda, redução das remunerações de autoridades e servidores e limite às reeleições – não foram suficientes para apaziguar os manifestantes.

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Estudantes, aposentados, professores, funcionários públicos e membros dos serviços de saúde pública acolheram o chamado da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) e outras 20 organizações sociais e desafiam o estado de emergência e o toque de recolher, em vigor no país há quatro dias. Esta é a pior revolta social no Chile em pelo menos três décadas, desta vez com caráter heterogêneo e sem liderança identificável.

“Achei uma piada. Ele acha que com isso vai acalmar o povo? Não, não vai acalmar, isso vai continuar, porque não vamos continuar calados”, disse a manifestante Ximena Gutiérrez. “Ele (Piñera) sempre foi mentiroso para dizer as coisas e, agora que tem um problema, está pedindo perdão”, afirmou Carlos Morales, de 23 anos.

Protestos em Santiago: 67% da população insatisfeita com condições de vida – 23/10/2019 (Pablo Vera/AFP)

Estudo divulgado nesta quarta-feira pelo instituto Ipsos  indica que 67% dos entrevistados “se cansaram de suas condições de vida em matéria econômica, de saúde e aposentadorias”, que percebem como “desiguais e injustas”.

Os sindicalistas exigem que se instaure uma agenda social desenvolvida junto às organizações de base. “O importante é que haja uma mudança radical de nossa institucionalidade política, que está sendo questionada, está em crise. Hoje, veremos a resposta da sociedade civil: se está de acordo ou não com o anúncio do presidente”, disse Camila Vallejo, ex-líder estudantil e deputada do Partido Comunista.

As organizações sociais exigem que o governo derrogue o estado de emergência e “devolva os militares a seus quartéis”, junto com históricos pedidos por melhorias nas aposentadorias, mais recursos para a saúde e a educação públicas, entre outras demandas.

(Com AFP)

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