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Medo é denominador comum dos tibetanos refugiados na Índia

Por Da Redação
23 Maio 2012, 06h05

Alberto Masegosa.

Dharamsala (Índia), 23 mai (EFE).- O medo é o denominador comum dos tibetanos refugiados na Índia, que se mudaram para este país e o transformaram na nação com o maior número de deslocados pela ocupação chinesa no Tibete.

Mais de três quartos dos 120 mil exilados tibetanos estão em solo indiano, onde a maioria mantém uma espécie de pacto de silêncio após fugir pela Cordilheira do Himalaia, muitas vezes de maneira clandestina.

O campo de refugiados de Kanyara – perto de Dharamsala, residência do Dalai Lama e sede do Governo tibetano no exílio, no norte da Índia -, serve de exemplo do pouco, mas continuo fluxo registrado no território.

Entre 600 e 700 refugiados passam a cada ano pelos campos, onde os deslocados se submetem a uma revisão médica antes de regularizar sua situação administrativa com as autoridades locais e iniciar uma nova vida fora do centro.

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Nesta semana, havia 40 internos no local, mas poucos queriam falar nem ser fotografados. ‘Por questão de segurança, para eles o contato com alguém do exterior é algo muito delicado. Têm medo. Temem que suas famílias e amigos sofram represálias no interior de Tibete’, explicou à Agência Efe a subdiretora do campo, Mingyuk Youdon.

Mingyuk disse que em seus 12 anos de experiência como funcionária em Kanyara foi testemunha de todo tipo de casos. ‘Vi alguns chegarem com os pés congelados após atravessar andando durante dias o Himalaia’, assegura.

De acordo com a subdiretora, a primeira escala da maioria dos fugitivos é o Nepal, onde costumam entrar ilegalmente. Daí, passam por Kathmandu e são atendidos por um centro de refugiados dependente da ONU, que os transferem para Nova Délhi. Depois, eles ainda são deslocados para o acampamento.

O trajeto descrito por Mingyuk foi o percorrido pelas duas últimas pessoas que chegaram ao acampamento, identificados como Kunshok Samten, um monge de 31 anos, e Tsewang Gurmey, um pastor de 21. Os dois afirmam que fugiram do Tibete há apenas 15 dias e consentiram em falar sob a condição de não serem filmados ou fotografados.

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Nascido no norte do território tibetano, Samten disse que chegou ao acampamento para completar os estudos religiosos, pois as autoridades chinesas o proibiam de fazê-lo no seu mosteiro. ‘Os chineses nos obrigam a seguir cursos de reeducação porque odeiam nossa religião, que é base de nossa identidade’, disse.

Enquanto isso, Gurmey falou que foi ao local na busca de formação profissional e para estar perto do Dalai Lama. ‘No Tibete não se pode viver. Há repressão e não há liberdade. Não podemos ir de uma rua a outra sem que a Polícia peça a identidade’.

De acordo com o refugiado, também estão proibidas as manifestações, reuniões com os amigos, expressar opiniões ou até mesmo ensinar ou mostrar em público qualquer imagem do Dalai Lama.

O jovem pastor não sabe ao certo o que fará no futuro embora destaque que gostaria de ter um emprego ‘vinculado com a causa tibetana’. Gurmey ainda disse que a situação é mais tensa em seu povoado, Tawo Deong, vizinho com a China e palco de dois dos 30 de suicídios registrados desde o ano passado entre os tibetanos, em protesto contra a ocupação da China. EFE

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